Por Idrees Ali e Phil Stewart
WASHINGTON (Reuters) – Os Estados Unidos mataram quatro pessoas em um ataque contra uma embarcação que supostamente transportava drogas, disse o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, nesta sexta-feira, pelo menos o quarto ataque desse tipo nas últimas semanas.
O presidente dos EUA, Donald Trump, determinou que os Estados Unidos estão envolvidos em “um conflito armado não internacional” com cartéis de drogas. Especialistas jurídicos questionam a legalidade de matar supostos traficantes de drogas no mar em vez de prendê-los e apreender sua carga.
Em uma postagem no X, Hegseth disse que o último ataque foi realizado em águas internacionais, próximo à costa da Venezuela.
“Esses ataques continuarão até que os ataques ao povo norte-americano acabem!!!!”, disse Hegseth.
Em um vídeo de quase 40 segundos compartilhado por Hegseth, uma embarcação pode ser vista se movendo pela água antes que vários projéteis pareçam atingir a água, fazendo-a explodir.
Hegseth disse, sem fornecer provas, que a inteligência “sem dúvida” confirmou que a embarcação estava transportando drogas e que as pessoas a bordo eram “narcoterroristas”. Ele disse que o barco estava transportando uma quantidade “substancial” de drogas, sem detalhar a quantidade ou o tipo das supostas drogas.
Trump, também sem apresentar provas, disse que o barco continha drogas suficientes para matar de 25.000 a 50.000 pessoas.
O Ministério das Comunicações da Venezuela não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
No passado, as operações antidrogas eram geralmente realizadas pela Guarda Costeira dos EUA, a principal agência de aplicação da lei marítima dos EUA, e não pelas Forças Armadas dos EUA.
Alguns ex-advogados militares dizem que as explicações legais dadas pelo governo Trump para matar suspeitos de tráfico de drogas no mar em vez de prendê-los não satisfazem as exigências da lei de guerra.
Trump disse que seu governo também está considerando atacar os cartéis de drogas “que vêm por terra”, ações que poderiam levantar outras questões legais.
Uma grande força militar dos EUA está alocada no sul do Caribe. Além de aeronaves F-35 em Porto Rico, há oito navios de guerra dos EUA na região, transportando milhares de marinheiros e fuzileiros navais, e um submarino de propulsão nuclear.
O governo Trump forneceu poucas informações sobre os ataques anteriores, incluindo as identidades das pessoas mortas ou detalhes sobre a carga.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, tem afirmado repetidamente que os EUA esperam tirá-lo do poder. Em agosto, Washington dobrou sua recompensa por informações que levassem à prisão de Maduro para US$50 milhões, acusando-o de ligações com o tráfico de drogas e grupos criminosos que Maduro nega.