Desde 2020 o Brasil não produz uma grande safra de café. Neste ano, diante de um ciclo de bienalidade negativa, o país enfrentou novamente o impacto de eventos climáticos adversos nas principais áreas cafeeiras, que prejudicaram o rendimento dos grãos.
As novas projeções para o volume total da safra brasileira 2025/26 apontam redução nas sacas beneficiadas, e apresentam uma quebra significativa da safra de arábica.
Com 96% da área do café já colhida no final de agosto, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) revisou sua estimativa no 3º Levantamento da Safra de Café, divulgado no dia 4 de setembro.
A nova projeção aponta para 55,2 milhões de sacas beneficiadas, volume que aponta um crescimento de 1,8% em comparação com o resultado obtido em 2024. Porém, após longo período de seca e altas temperaturas, a produção de arábica está estimada em 35,2 milhões de sacas, o que representa uma redução de 11,2% em comparação à safra anterior. No caso do conilon, a produção está estimada em 20,1 milhões de sacas, acréscimo de 37,2% em relação à safra/24, devido à melhor regularidade climática durante as fases críticas das lavouras, que favoreceu parte das floradas, e à boa formação de frutos por rosetas.
Já o levantamento da consultoria Safras & Mercado revisou sua projeção para 63,35 milhões de sacas, o que representa uma queda de 3,3% na comparação com a estimativa anterior. Este resultado foi devido a uma colheita menor do que a esperada de grãos arábica, que deve atingir uma safra de 38,05 milhões de sacas, somando uma retração de 14% frente à safra passada. Para o robusta/conilon, a consultoria prevê um total acima de 25 milhões de sacas. “A safra de café do Brasil em 2025 ficou abaixo das expectativas, após um início promissor. Durante a segunda metade da colheita de arábica, encontramos um cenário bem diferente”, explicou o consultor de Safras & Mercado, Gil Barabach.
O Brasil tem registrado a ocorrência de eventos climáticos que há pelo menos 4 anos não eram vivenciados nas principais áreas produtoras do país. Exemplo foi a geada registrada no Cerrado Mineiro no dia 11 de agosto, que impactou cerca de 5,5% do potencial produtivo das lavouras para o próximo ano, e pode chegar a reduzir a próxima safra da região em cerca de 412 mil sacas, conforme apontou estudo divulgado pela Expocacer.
De acordo com relatório da StoneX, nos meses de maio, junho e julho a equipe voltou a campo para avaliar o rendimento efetivo da safra, e ficou comprovado que a baixa pluviosidade e as altas temperaturas durante importante período de enchimento dos grãos do arábica, resultaram em frutos menores e mais leves. Diante disso, a safra da variedade foi reduzida em 5.7% frente à projecão anterior, totalizando 36,5 milhões de sacas, resultando então em uma baixa de 18,4% no comparativo anual. Já para o robusta, a StoneX mantém a estimativa em 25,8 milhões de sacas, o que representa um aumento de 21,9% em relacão à temporada anterior.
Dados divulgados pelo Itaú BBA também destacam uma quebra na safra brasileira de arábica. Devido ao baixo rendimento dos grãos após o beneficiamento, a consultoria adotou como base os dados de oferta e demanda do USDA, e passa a trabalhar com a estimativa de uma produção de 38,7 milhões de sacas para a variedade, número 11,5% inferior ao da temporada anterior e 2,2 milhões abaixo da estimativa oficial do Departamento Americano, que é de 40,9 milhões. No entanto, mantiveram a projeção de 24,1 milhões de sacas de robusta, e totalizaram então em 62,8 milhões de sacas o volume total da safra/25 do Brasil.