Plantio da safra de soja no Piauí segue atrasado e pelo menos um terço das áreas deve ficar fora da janela ideal,estima Aprosoja

O atraso na chegada das chuvas regulares afetou o calendário do plantio de soja no Piauí. De acordo com o presidente da Aprosoja do estado, Alzir Pimentel Aguiar Neto, o atraso no plantio é de cerca de 30% a 40% em relação à média na região.

Ele explica que, nesta época, em outros anos, o produtor já estaria completando oplantio de soja e com a lavoura de milho verão bem encaminhada. Entretanto, o sojicultor piauiense se preocupa em fazer o possível para a boa implantação da lavoura.

— “O que foi implantado em novembro ainda está em boas condições, acreditamos que se regularizar as chuvas, podemos ter um bom potencial produtivo, mas ainda assim continua  atrasado, daí a gente sai da janela ideal, do período que seria melhor para o desenvolvimento da soja”.

Segundo Neto, na região a janela ideal é início de novembro, a partir do dia 10, até primeira semana de dezembro para o plantio da soja. “A gente já foge um pouco dessa janela ideal, porque plantamos o ciclo de 110 a 120 dias, e já estamos caindo para abril, e corre o risco de abril cortar as chuvas, justamente no período em que a soja mais precisa, que é a época do enchimento de grãos”, afirma. 

O presidente da Aprosoja/PI explica que em todo o estado tem havido irregularidade de chuvas, sendo a parte sul mais beneficiada pelas precipitações, e a parte norte, mais afetada pelo tempo seco. 

— “Está se mostrando em todas essas leituras e prognósticos meteorológicos um mês de janeiro e fevereiro com bons volumes de chuva, que são meses fundamentais para nós, que pega do florescimento à granação. Tudo indica que se regularizar a partir dessa próxima semana, já tem previsão de chuva mais geral para o dia 18 (quarta-feira). Se regularizar a partir daí, acredito que teremos potencial muito bom, e o produtor está com condição de implantação boa ainda”.

DA SOJA PARA O MILHO

Neto acredita que o produtor ainda deva plantar até final deste mês, ainda permanecendo na soja. Passado o mês de dezembro, o produtor vá migrar a área para milho. “Nós já temos alguns dados de lavouras que foram mudadas para milho, que está com uma perspectiva boa de mercado, e você consegue uma boa safra de milho, ainda plantando até o fim de dezembro, começo de janeiro”. 

Para ele, ainda é cedo para falar em perdas, é preciso que o plantio termine para analisar as áreas plantadas e a implantação da cultura para fazer estimativas, mas Neto crê que a produtividade deva ser mantida na média de 50 sacas por hectare.

Sobre a estimativa da Aprosoja/PI de aumento de 6% de área plantada em relação à safra passada, Neto diz que esse planejamento deve ser mantido. O crescimento deve ser algo em torno de 800 mil hectares. “A princípio, está mantida a estimativa, o que houve de permuta de área de soja para milho ainda não foi significativo, e aguardamos o desenrolar”.

PREÇOS DE VENDA E CUSTOS PARA PRÓXIMA SAFRA

Sobre os preços, Neto conta que o disponível está variando na casa de R$ 78 a R$ 80, e é um bom preço, levando em consideração que este valor e os custos são semelhantes aos da safra anterior. Futuro, o sojicultor ainda acompanha as movimentações do acordo comercial dos EUA com a China, mas se fala em torno de US$ 18,5, e aguardando o mercado se estabilizar. 

— “A comercialização já está sendo feita na safra nova, com cerca de 20% a 25% já sendo comercializado no mercado futuro. Isso está atrás do que costuma ser a média, acredito que até por causa do atraso no plantio”. 

De acordo com o presidente da Aprosoja/PI, o produtor já vê um cenário bastante interessante para a safra nova em matéria de queda nos custos de produção, principalmente nos gastos com fertilizantes.

— “O MAP está com queda de mais de 30% do valor, o menor em 10 anos, o que já começa a configurar um cenário de custos menores para a safra futura. Os custos estão se projetando menores para a próxima safra, porque os ferlilizantes pesam muito na conta. Acredito que quem conseguir fechar agora os preços do fertilizantes, acredito que consiga ecponomia de pelo menos 20%”, afirma.