A Região do Cerrado Mineiro deu mais um passo em direção à internacionalização da sua marca e ao fortalecimento das conexões diretas entre produtores, torrefadores e o mercado consumidor. No período de 8 a 13 de julho, a região recebeu a equipe da Cafezal Specialty Coffee Roasters, eleita a melhor cafeteria da Itália em 2024/2025 pelo prêmio BarAwards, para uma imersão no território da primeira Denominação de Origem (DO) do Brasil para cafés. A iniciativa, chamada Trip Cafezal, foi organizada pela Federação dos Cafeicultores do Cerrado com o apoio do Sebrae Minas, e consolida uma parceria estratégica iniciada em 2024, quando representantes da Região do Cerrado Mineiro estiveram na Itália para promover a origem em eventos realizados em Milão, Florença e Roma, na sede da Embaixada do Brasil.
Durante a visita, que contou com a presença de baristas italianos e de Carlos Eduardo Bitencourt, fundador da cafeteria italiana (que em breve estará abrindo a sua sexta loja em Milão e a primeira em Lisboa), a comitiva visitou propriedades, colheu, beneficiou e degustou cafés, além de desenvolver e coassinar com o produtor Alan Michel Batista, da Alado Coffees, um microlote autoral. O café foi desenvolvido em conjunto, desde a escolha dos grãos até o desenho do processo de fermentação e secagem, passando pelo beneficiamento e pelas definições de perfil sensorial.
O lote, cultivado na Fazenda Bela Vista, em Patrocínio (MG), é oriundo de uma área de 10 hectares conduzida pela família de Alan, que possui certificação de comércio justo (Fairtrade) e adota práticas de produção de Agricultura Regenerativa. Esse café será lançado nas lojas europeias da Cafezal Specialty Coffee Roasters — empresa em processo de certificação 100% B Corp — e faz parte do plano de expansão internacional da cafeteria, que inclui a inauguração de uma nova unidade em Lisboa, prevista para outubro de 2025.
“A colaboração entre a Cafezal, a Federação e a Região do Cerrado Mineiro foi extremamente valiosa para todos os envolvidos. Tivemos a oportunidade de conhecer profissionais de diferentes perfis — desde Q-graders e lideranças regionais até produtores de diversos portes. Visitamos lavouras, provamos cafés e trocamos experiências. Mesmo sendo brasileiro, estou fora do país há muitos anos, e poder trazer um time internacional com uma perspectiva de fora permitiu enriquecer ainda mais esse intercâmbio. Acredito que conseguimos oferecer uma visão transparente e detalhada, especialmente no que diz respeito à operação e à dinâmica do mercado europeu”, afirma Bitencourt.
Conhecimento técnico, formação e novas perspectivas
Além das visitas técnicas, a programação contou com palestra sobre o mercado italiano e europeu de cafés, cursos sobre gestão de cafeterias e barismo italiano.
Segundo Juliano Tarabal, diretor executivo da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, o movimento reforça o posicionamento da Região do Cerrado Mineiro no cenário global. “A aproximação com torrefadores e cafeterias de referência, como a Cafezal, permite mostrar ao mundo a qualidade dos nossos cafés e, principalmente, a força do nosso território. Esse intercâmbio evidencia que os grandes nomes do mercado europeu estão cada vez mais interessados em ir além da embalagem: querem conhecer a origem, o produtor, as práticas sustentáveis e o impacto social do nosso trabalho”, conta.
Para Carlos Eduardo Bitencourt, essa aproximação também fortalece os laços comerciais. “Em 2024, adquirimos quase meio container de cafés do Cerrado. Agora, lançar um café coassinado com a Região e representá-la no mercado europeu de cafés especiais reforça ainda mais esse compromisso”, reforça.
Do Cerrado à Itália: uma ponte que se expande até Lisboa
Fundada em 2017 como a primeira microtorrefação de cafés especiais de Milão, a Cafezal Specialty Coffee nasceu com o propósito de ser uma ponte entre produtores latino-americanos e o mercado europeu — com foco especial nos cafés brasileiros.
“Com a expansão da empresa, buscamos cada vez mais iniciativas como a Trip Cafezal, que integrem qualidade, conhecimento técnico e valor para toda a cadeia”, afirma Bitencourt.
Com cinco lojas em operação em Milão — e a sexta prevista para agosto —, a Cafezal se prepara para inaugurar também sua primeira unidade internacional, em Lisboa. Será a primeira rede independente italiana de cafés especiais a expandir para fora do país. Com torrefação própria, mais de 150 investidores reunidos por meio de equity crowdfunding e uma sólida rede B2B, a marca se destaca por sua proposta de hospitalidade contemporânea e compromisso com a sustentabilidade
A parceria com o Cerrado Mineiro marca o início de um novo ciclo para ambas as partes, em que a coautoria ganha protagonismo na narrativa do café especial.
“Essa parceria representa um novo tempo para os cafés de origem: não se trata apenas de vender sacas, mas de construir histórias, produtos e experiências juntos”, conclui Tarabal.
