A piscicultura do Estado de São Paulo pode perder, até o final do ano, mais de R$ 75 milhões em receita com a implantação da tarifa de 50% pelos Estados Unidos para a entrada da tilápia brasileira. Esse levantamento é da Associação dos Piscicultores em Águas Paulistas e da União (Peixe SP) com base no relatório de exportações elaborado pela Embrapa Pesca e Aquicultura.
“Em 2024, a piscicultura brasileira como um todo exportou R$ 200 milhões (valores FOB) para os Estados Unidos e cerca de 60% desse total foram comercializados no segundo semestre. A estimativa de perdas considera os embarques previstos pelas empresas paulistas que lideram as exportações de tilápia”, informa Marilsa Patrício, secretária executiva da Peixe SP. São Paulo participa com 35% das vendas de tilápia para os Estados Unidos.
A Peixe SP está trabalhando em diferentes frentes para minimizar os prejuízos da piscicultura paulista. De um lado, pressiona as autoridades por um trabalho político mais efetivo junto ao governo norte-americano e de outro apoia as indústrias do estado impactadas pela tarifa a se qualificarem para o programa ProAtivo, que tem como proposta a liberação de créditos acumulados de ICMS, e o programa Desenvolve SP, que promete créditos específicos para as empresas paulistas prejudicadas pelas tarifas dos EUA. O mesmo trabalho é feito em relação à portaria interministerial 12, do MDA e MAPA, criada para fornecer recursos para as empresas e os produtores afetados.
“É nosso papel defender as indústrias paulistas contra essa tarifa, especialmente num momento em que nossa piscicultura dá passos consistentes rumo ao mercado internacional. Os Estados Unidos compraram mais de 2.300 toneladas de tilápia paulista nos primeiros seis meses do ano. Também é nosso papel cobrar das autoridades do estado agilidade para a liberação dos recursos para as empresas impactadas. Sobre a portaria federal, indiscutivelmente é uma medida positiva, mas que não pode ser burocrática e tem de ter efeito rápido. Afinal, não estamos falando somente de perda de mercado, mas de um risco muito grande para desemprego. A cadeia da tilápia é composta, prioritariamente, por pequenos produtores e todos são afetados pelas tarifas dos EUA”, ressalta Marilsa.