Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – As taxas dos DIs com prazos curtos fecharam a terça-feira com leves baixas ante os ajustes da véspera, enquanto as longas avançaram em sintonia com o exterior, em mais um dia marcado pelas ameaças tarifárias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
No fim da tarde, a taxa do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 estava em 14,17%, ante o ajuste de 14,202% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2028 marcava 13,425%, em baixa de 3 pontos-base ante o ajuste de 13,459%.
Entre os contratos longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 13,44%, ante 13,395% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 13,51%, em alta de 6 pontos-base ante 13,454%.
Na segunda-feira, as taxas haviam subido em toda a curva brasileira após Trump ameaçar impor tarifas a países do Brics com políticas “antiamericanas”, além de estabelecer novas taxas a alguns parceiros comerciais dos EUA, como Japão e Coreia do Sul.
Na manhã desta terça-feira, porém, as taxas dos DIs despencaram, acompanhando o recuo do dólar ante o real, com o mercado fazendo uma leitura mais favorável dos anúncios de Trump no dia anterior.
“Passado o estresse de ontem, percebeu-se que as cobranças vão se iniciar apenas em 1º de agosto. Então, há um período de negociação”, pontuou Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, em referência ao fato de Trump ter estabelecido 1º de agosto como a data para início das taxas.
“A possibilidade de uma nova rodada de negociações até lá possibilitou a redução do estresse”, acrescentou Sung.
Isso fez com que as taxas dos DIs cedessem em toda a curva no Brasil até o período da tarde, ainda que de forma mais contida na ponta longa — bastante influenciada pelo movimento dos Treasuries.
Nesta terça-feira, Trump ampliou a guerra comercial global ao anunciar uma tarifa de 50% sobre o cobre importado e dizer que as taxas sobre semicondutores e produtos farmacêuticos serão aplicadas em breve. Além disso, afirmou que os países do Brics receberão tarifas de 10% “muito em breve”.
No exterior, os receios de que as tarifas possam elevar a inflação nos Estados Unidos e a expectativa pelo leilão de títulos norte-americanos de três anos nesta terça-feira mantiveram os rendimentos dos Treasuries em alta.
Na reta final da sessão, esse viés positivo vindo do exterior acabou colocando as taxas longas no território positivo no Brasil.
Operador ouvido pela Reuters pontuou ainda que, durante a tarde, agentes que atuaram na ponta de venda de taxa foram se tornando escassos, em um momento em que a liquidez também já estava menor na véspera do feriado de quinta-feira em São Paulo — quando os mercados seguirão abertos em todo o Brasil, mas provavelmente com menos liquidez.
Neste cenário, a taxa do DI para janeiro de 2033, que marcou a mínima de 13,380% (-7 pontos-base) às 9h29, atingiu a máxima de 13,510% (+6 pontos-base) às 15h38.
Internamente, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, participou durante a tarde de evento aberto à imprensa em Brasília, mas seus comentários não alteraram as mensagens mais recentes do Comitê de Política Monetária (Copom).
“Ao colocar a taxa de juros em 15%, dificilmente eu e os meus colegas do Copom vamos ganhar o torneio de Miss Simpatia no ano de 2025. Mas eu durmo muito tranquilo sabendo que o que eu estou fazendo é cumprir a meta e perseguir a meta, e tenho absoluta convicção que este é o papel do Banco Central”, disse Galípolo.
Perto do fechamento, a curva brasileira precificava 94% de chances de manutenção da Selic em 15% no encontro do fim deste mês do Copom.
Na segunda-feira — atualização mais recente — a precificação das opções de Copom negociadas na B3 indicava 89,61% de chances de manutenção da Selic, contra 6,90% de probabilidade de nova alta de 25 pontos-base este mês.
Às 16h37, o rendimento do Treasury de dez anos — referência global para decisões de investimento — subia 2 pontos-base, a 4,411%.
(Edição de Pedro Fonseca)