As entidades representativas dos produtores de tabaco, formada pela Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) e pelas Federações da Agricultura (Farsul, Faesc e Faep) e dos Trabalhadores Rurais (Fetag, Fetaesc e Fetaep) do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, reuniram-se nesta semana com lideranças das empresas fumageiras para dar inÃcio à negociação do preço do tabaco da safra 2020/2021. Os encontros ocorreram por videoconferência e tiveram a participação de oito empresas: BAT Brasil (Souza Cruz), Philip Morris, JTI, Universal Leaf, Alliance One, China Brasil, CTA e UTC.
De acordo com o vice-presidente regional da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), membro da CADEC e presidente do Sindicato Rural de Irineópolis/SC, Francisco Eraldo Konkol, a pauta das reuniões abordou, principalmente, o comparativo da variação do custo de produção apurado pelas empresas e pelos representantes dos produtores.
“Não entramos na negociação do preço, propriamente, pois precisamos, primeiro, regular a variação do custo de produçãoâ€, observou Konkol. Segundo ele, a retomada das reuniões será marcada para primeira quinzena de janeiro.
“Os produtores que já comercializaram a sua safra receberão a diferença do valor, assim que fixada a tabela de preço de cada empresa integradoraâ€, assegura.
PREÇOS
Konkol informa que nas últimas safras nenhuma empresa concordou em repor os custos de produção. “As variações de percentuais sugeridas na última safra foram 5,5% a 9,4%, com mais 2% acima do custo como reposição de perdas anteriores, porém não conseguimos chegar a um acordo. As empresas reajustaram por conta própria, sem repor perdas. Acumulamos defasagem grande de 10 anos, com inflação achatando os preços e os produtores perdendo rentabilidade. Esperamos que para a próxima safra consigamos negociar e fazer as empresas cumprirem a Lei da Integração, que prevê que o preço do tabaco deve sempre resultar de acordo entre produtores e indústrias, algo que beneficia todo o sistemaâ€, relata.
O dirigente explica que a Lei da Integração compila informações da cadeia produtiva que servem de parâmetro na hora de estipular preços para o setor. O artigo 9º prevê o preenchimento de dados pelos produtores no Documento de Informação Pré-Contratual (DIPC). Nele constam dados de produção, riscos da atividade e remuneração média das duas últimas safras. Esses números são avaliados anualmente pela CADEC para validar a remuneração média dos produtores.
“Os reajustes indicados têm base técnica e estão amparados na viabilidade econômica apresentada pela atividadeâ€, ressalta Konkol ao informar que 60% dos custos de produção se referem à mão de obra. “Este é sempre o ponto mais sensÃvel das negociações. Os custos citados pelas empresas são sempre menores que os levantados pelos produtoresâ€, observa o dirigente.
Nesta semana, Fórum Nacional da Cadeia Produtiva do Tabaco (Foniagro) também aprovou o novo regimento interno que regulamenta as regras de negociações para as próximas safras. “É um avanço do setor que estava em discussão há 10 meses. Queremos que o custo da produção e os preços pagos sejam estabelecidos em conjunto entre produtores e empresas. Os fumicultores não podem mais trabalhar com prejuÃzosâ€.
PRODUÇÃO E MERCADO
O Sul do Brasil concentra 99% da produção de tabaco do PaÃs e exporta 80% do total produzido. A última safra produziu 633 mil toneladas. A atividade é uma das agroindustriais mais significativas e reúne 146,4 mil produtores. Em Santa Catarina, cerca de 44 mil propriedades dedicam-se ao cultivo.Â
No PaÃs, o tabaco movimenta mais de R$ 6 bilhões ao ano, segundo dados da Afubra