As recuperações judiciais (RJs) no agronegócio brasileiro somaram 389 pedidos no primeiro trimestre de 2025, segundo dados da Serasa Experian. O número representa um aumento de 21,5% em relação ao último trimestre de 2024 e 44,6% na comparação anual. A maior parte das solicitações veio de agricultores pessoa física, que registraram 195 casos — quase o dobro dos 106 registrados um ano antes.
Esse crescimento acelerado acende um alerta sobre o grau de endividamento no campo e reforça a necessidade de estratégias preventivas. Para a fintech Agree, especializada em crédito rural, a recuperação judicial não deve ser tratada como uma solução inicial, mas como último recurso. “Quando o produtor chega à RJ, é sinal de que foram tomadas algumas decisões anteriores que dificultariam seu fluxo de caixa futuro. Nosso trabalho é atuar antes desse ponto de ruptura”, afirma Rayssa de Melo, cofundadora da Agree.
Segundo a executiva, o cenário atual combina margens mais apertadas, aumento de custos, restrição de crédito e maior exigência de garantias — um conjunto de fatores que pressiona o caixa e fragiliza a saúde financeira de muitas propriedades. “O crédito estruturado é uma forma de antecipar essas dificuldades e construir soluções compatíveis com a realidade de cada operação”, explica Rayssa.
Ainda de acordo com a Serasa Experian, entre os segmentos mais impactados pela RJ no início de 2025 estão o cultivo de soja (59 pedidos) e a criação de bovinos (42 pedidos). Apesar da escalada, os números ainda representam uma parcela pequena diante dos 1,4 milhão de profissionais do campo que tomaram empréstimos nos últimos dois anos, o que evidencia o potencial preventivo de uma atuação mais estratégica.
Essa é justamente a proposta da Agree: conectar produtores a diferentes instituições financeiras por meio de uma análise criteriosa, que considera aspectos como cultura, região, histórico de crédito, calendário agrícola e fluxo de caixa. “Não se trata apenas de aprovar o financiamento, mas de aprovar o recurso certo, no momento adequado, com a estrutura ideal. É isso que evita o endividamento em cadeia e reduz drasticamente o risco de judicialização”, completa.