A primeira reestimativa da safra de laranja 2025/26 do cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro, divulgada pelo Fundecitrus nesta quarta-feira (10/9), indica produção de 306,74 milhões de caixas de laranja de 40,8 kg, redução de 2,5% em relação à estimativa do dia 9 de maio, de 314,60 milhões de caixas, devido sobretudo ao aumento da projeção da taxa de queda de frutos em função do crescimento da severidade do greening (porcentagem da copa tomada pela doença) e do ritmo mais lento da colheita.
Clima
De acordo com dados da Climatempo Meteorologia, a precipitação média acumulada no cinturão citrícola de maio a agosto de 2025 foi de 94 milímetros, 33% a menos do que a média histórica (1991-2020). Apenas a região de São José do Rio Preto teve precipitação acima do histórico (21%).
No entanto, as precipitações de abril e junho garantiram umidade suficiente no solo. Com isso, o peso dos frutos das variedades precoces Hamlin, Westin e Rubi segue estável, em 134 g (305 frutos por caixa). As demais variedades precoces (Valência Americana, Seleta, Pineapple e Alvorada) tiveram queda no tamanho, passando de 158 g (259 frutos por caixa) para 150 g (272 frutos por caixa). Já a Pera, cuja colheita está mais tardia este ano, deve se beneficiar das chuvas de primavera, com aumento do peso de 154 g (265 frutos por caixa) para 156 g (261 frutos por caixa). Estima-se que as variedades Valência e Folha Murcha mantenham 174 g (235 frutos por caixa) e que a Natal mantenha 169 g (242 frutos por caixa). No geral, a projeção do tamanho médio das laranjas não se altera.
Colheita
Até meados de agosto, apenas 25% da safra atual havia sido colhida, um ritmo significativamente mais lento do que o verificado na safra anterior, que já estava em torno de 50% nesse período. A colheita das variedades precoces Hamlin, Westin e Rubi chegou a 68%, enquanto a das outras precoces alcançou 75%. A colheita da Pera atingiu 17%. Em relação a variedades tardias, as colheitas da Valência e Folha Murcha somam 1% e a da Natal, 2%.
A colheita mais tardia desta safra está relacionada com a elevada concentração de frutos da segunda florada e à priorização da colheita no ponto ideal de maturação para obtenção de suco de melhor qualidade. Com isso, observa-se um aumento na taxa de queda prematura de frutos, sobretudo em árvores afetadas pelo greening e submetidas a maior déficit hídrico e temperaturas mais amenas no inverno.
Queda de frutos e severidade do greening
Projetada inicialmente em 20% na estimativa de maio, a taxa de queda de frutos foi reestimada para 22%. Quando analisada por setor, a taxa de queda é mais intensa em setores com alta incidência de greening (Sul, Centro e Sudoeste) e menos intensa em setores com menor incidência (Norte e Noroeste).
O diretor-executivo do Fundecitrus, Juliano Ayres, recorda que a severidade média do greening no cinturão citrícola, de acordo com o levantamento anual produzido pela instituição, subiu de 19% em 2024 para 22,7% em 2025, reduzindo em cerca de 35% seu potencial produtivo. “Esse aumento significativo da severidade dos sintomas nas árvores tem impacto direto no aumento da taxa de queda prematura da fruta, sendo o fator determinante para a redução da safra nesta primeira reestimativa”, analisa Ayres.
A Pesquisa de Estimativa de Safra (PES) é realizada pelo Fundecitrus em parceria com professor titular (aposentado) da FCAV/Unesp José Carlos Barbosa.