A Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa) assinou, nesta segunda-feira (8), convênio de cooperação técnico-comercial com a Beijing Cotton Outlook Consulting Co. (BCO), braço de promoção comercial da China National Cotton Exchange (CNCE), principal entidade da indústria têxtil chinesa. O objetivo central da parceria é ampliar a presença do algodão brasileiro no paÃs. Â
  “A China é o maior consumidor da fibra no mundo e o Brasil, nos últimos anos, se firmou como o segundo maior exportador mundial e ainda dispõe de grande potencial para ampliar as vendas externas. São nações com grande complementariedadeâ€, pontuou o diretor geral da CNCE, Yang Baofu.  Â
  Os números traduzem a relação de ganha-ganha entre os dois paÃses. Na última safra (2020/21), a China foi o destino de 30% das exportações brasileiras de algodão. Com isso, o Brasil atingiu market share de 29% no gigante asiático, atrás somente dos Estados Unidos. “Queremos que todas as fiações e indústrias têxteis chinesas saibam que somos um grande e confiável fornecedor de algodão de qualidade, produzido de forma sustentável e livre de contaminaçãoâ€, destacou o presidente da Abrapa, Júlio Busato. Â
  Nos próximos meses, haverá duas grandes oportunidades para reforçar essa mensagem.  Em dezembro, Abrapa e CNCE realizam o Cotton Outlook Forum em Qingdao. Em março de 2022, será a vez de levar o algodão brasileiro para o CNCE Gala, em Beijing. A expectativa é de que cada evento tenha um público de mais de mil industriais e executivos chineses. Â
Fundada em 2004, a BCO tem como funções prover dados e informações, fomentar novos mercados, promover eventos e prestar serviços financeiros ao mercado chinês de algodão e produtos têxteis. É a organizadora dos principais eventos setoriais do segmento na China. “Com a plataforma que temos na BCO, a Abrapa não terá dificuldades em promover o algodão brasileiro. A CNCE responde por 85% do mercado de algodão chinêsâ€, explicou Yang Baofu. Â
  Segundo ele, aos poucos os empresários chineses vêm ampliando seu conhecimento sobre a fibra brasileira.  “Reconhecemos a melhoria na qualidade e o bom preço do algodão produzido no Brasil. Mesmo que a conjuntura polÃtica internacional mude, será difÃcil que esse espaço conquistado pelos cotonicultores brasileiros diminuaâ€, afirmou Yang. Â
  Busato destacou o investimento que o Brasil tem feito em qualidade e a intenção de manter a parceria com a China a longo prazo. “Nossa prioridade é colocar em prática, em 2022, o sistema oficial de certificação voluntária do algodão, com aval do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), para podermos garantir mercado mesmo em anos difÃceis de produçãoâ€, informou. Â
  O evento de assinatura do convênio entre Abrapa e BCO contou com a presença de cotonicultores brasileiros e do presidente da Anea, Miguel Fauss. Além disso, participaram também os adidos agrÃcolas do Brasil em Pequim, Fábio Coelho Correa de Araújo e Jean Carlo Cury Manfredin. Â
  Aproximação com a China Â
 O Brasil tem investido em ampliar sua presença no mercado chinês. O programa Cotton Brazil – idealizado e desenvolvido pela Abrapa em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil) e com o apoio da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) –  promove o algodão brasileiro junto a paÃses asiáticos, com ênfase na China. Em 2020, a Abrapa abriu escritório de representação internacional em Singapura e, em dezembro do mesmo ano, fez seu primeiro evento em parceria com BCO e CNCE, o “Cotton Oulook Forumâ€, em Qindao. Â
Em março de 2021, foi realizado o webinar “Cotton Brazil Outlookâ€, 100% focado no mercado chinês. Como resultado, foram assinados dois memorandos de entendimento com entidades setoriais da indústria têxtil chinesa: com a China Cotton Association (CCA) e com a CNCE.  Em junho, o Cotton Brazil participou da China International Cotton Conference, promovida em Suzhou pela CCA. Em setembro, foi a vez do webinar “Cotton Brazil 2021 Harvest Roundtable†levar números atualizados da safra brasileira para industriais e tradings chinesas. Em outubro, uma reunião de trabalho com a alfândega da China reuniu técnicos dos dois paÃses para troca de informações sobre os sistemas de classificação do algodão de cada paÃs. Â