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Manejo da matéria orgânica em ambientes tropicais, por Afonso Peche

A matéria orgânica é reconhecida como um dos elementos centrais para a manutenção da fertilidade, da qualidade física e da estabilidade biológica dos solos agrícolas. Nos ambientes tropicais, onde predominam altas temperaturas e elevada umidade, o manejo da matéria orgânica ganha um caráter ainda mais estratégico, pois sua dinâmica é marcada por intensa atividade microbiana e rápida decomposição. Essas condições aceleram a transformação de resíduos vegetais e animais, exigindo que o agricultor desenvolva práticas específicas para garantir não apenas a reposição contínua de carbono, mas também a formação de frações estáveis capazes de sustentar a produtividade a longo prazo.

A decomposição acelerada típica dos trópicos favorece a rápida liberação de nutrientes provenientes das frações mais simples da matéria orgânica, como açúcares, proteínas e ácidos orgânicos. Embora isso possa representar uma vantagem no curto prazo, disponibilizando nitrogênio, fósforo e enxofre em sincronia com o crescimento das culturas, essa mesma velocidade de mineralização aumenta o risco de perdas por lixiviação, volatilização ou erosão. Nesse contexto, a estratégia central do manejo ecológico da matéria orgânica deve buscar equilibrar fontes de decomposição rápida com materiais mais resistentes, ricos em lignina, celulose e compostos fenólicos, que se convertem em substâncias húmicas e conferem maior estabilidade ao solo.

Entre as práticas adaptadas aos ambientes tropicais, o uso de adubos verdes ocupa posição de destaque. O consórcio de leguminosas e gramíneas é um exemplo eficaz, pois permite integrar biomassa de baixa relação C/N, que decompõe rapidamente, com resíduos de alta relação C/N, que permanecem no solo como palhada protetora. Essa combinação fornece nutrientes imediatos e, ao mesmo tempo, contribui para a formação de matéria orgânica complexa. Além disso, a cobertura contínua proporcionada pelos adubos verdes protege o solo contra o impacto direto da chuva e da radiação solar, reduz a evaporação e mantém a atividade biológica ao longo do ano, características essenciais em regiões tropicais de chuvas intensas seguidas de períodos de déficit hídrico.

A compostagem de resíduos vegetais e animais representa outra ferramenta valiosa no manejo da matéria orgânica nos trópicos. O processo controlado de decomposição transforma resíduos instáveis em compostos mais homogêneos e ricos em substâncias húmicas, diminuindo riscos de contaminação e aumentando a eficiência do aproveitamento agrícola. O uso combinado de compostos jovens, que ainda contêm frações simples de fácil assimilação, e de compostos maturados, mais estáveis, possibilita um aporte balanceado de energia microbiana e carbono recalcitrante. Essa estratégia é especialmente útil para enfrentar a volatilização e a lixiviação, tão comuns em solos tropicais arenosos e altamente intemperizados.

O plantio direto, quando associado a culturas de cobertura, é também um aliado importante na conservação da matéria orgânica em regiões tropicais. A manutenção da palhada sobre a superfície do solo não só contribui para a redução da erosão, como também cria um microclima mais ameno que diminui a velocidade de mineralização. Esse princípio foi destacado pela Professora Ana Maria Primavesi, que sempre realçou que, no manejo ecológico, o material orgânico deve prevalecer na superfície, manejado de forma que permaneça o maior tempo possível se decompondo lentamente e protegendo o solo durante as diferentes estações do ano. Ao manter a cobertura contínua, garante-se não apenas a proteção física, mas também o fluxo permanente de energia para a microbiota, favorecendo processos de regeneração.

Nos ambientes tropicais, outro desafio é a elevada taxa de respiração microbiana, que pode resultar em significativa perda de carbono para a atmosfera. Para mitigar esse processo, é recomendável promover a diversidade de aportes orgânicos, incluindo resíduos florestais triturados, biochar e a integração de espécies arbóreas em sistemas agroflorestais. Essas estratégias fornecem substratos mais recalcitrantes, de lenta decomposição, que compensam a alta velocidade de mineralização dos resíduos frescos. Além disso, o sombreamento parcial proporcionado pelas árvores contribui para moderar as condições microclimáticas do solo, retardando a degradação da matéria orgânica.

O manejo adequado da matéria orgânica em ambientes tropicais, portanto, deve ser pensado como uma prática de equilíbrio. Se por um lado é necessário suprir continuamente o sistema com fontes de rápida decomposição para alimentar a microbiota e sustentar a ciclagem de nutrientes, por outro é imprescindível garantir a formação e a manutenção de estoques mais estáveis que assegurem resiliência frente às condições climáticas e de uso intensivo da terra. Essa combinação de práticas, adubação verde, compostagem, plantio direto, integração agroflorestal e uso de bioinsumos, cria um sistema dinâmico, capaz de responder às demandas imediatas das culturas sem comprometer a fertilidade futura.

Em síntese, o manejo ecológico da matéria orgânica em solos tropicais é uma ação estratégica que deve considerar tanto a dinâmica acelerada da decomposição quanto a necessidade de acúmulo de frações estáveis, sempre priorizando a manutenção do material orgânico sobre a superfície. A adoção integrada de práticas conservacionistas e regenerativas é o caminho para transformar a alta vulnerabilidade desses ambientes em uma oportunidade de produtividade sustentável, assegurando que a riqueza biológica e climática dos trópicos seja um diferencial positivo, e não um desafio limitante para a agricultura.

* Pesquisador Científico do Instituto Agronômico de Campinas.

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METODOLOGIA DE PREÇOS DO ALGODÃO – BBM/SINAP

PRODUTO:Algodão em pluma tipo 41, folha 4 – cor estritamente abaixo da média (strict low middling) – (antigo tipo 6, fibra 30/32 mm, sem característica).
UNIDADE DE MEDIDA:Libra-peso de pluma (0,453597 kg) divulgados em real por libra-peso.
ENTREGA:Preço do produto posto-indústria na mesorregião da cidade de São Paulo.
REGIÃO DE REFERÊNCIA:Negócios feitos nas principais regiões produtoras e consumidoras de algodão do Brasil.
TRATAMENTO ESTATÍSTICO:A amostra diária é submetida a dois procedimentos estatísticos: média aritmética dos valores informados excluindo-se o desvio padrão (são aceitos valores que estejam no intervalo de dois desvios-padrão para cima e para baixo em relação à média da amostra em 10%) e análise do coeficiente de variação.
BASE DE PONDERAÇÃO DAS REGIÕES:Média aritmética das informações coletadas.
PERIODICIDADE:Diária (somente em dias úteis). Os preços são coletados junto aos corretores de algodão, entre as 10:00 e 16:00 horas e divulgados, no mesmo dia, até às 17 horas.
HISTÓRICO:Desde janeiro de 2010.
ORIGEM DA INFORMAÇÃO:Corretoras de Mercadorias associadas a Bolsa Brasileira de Mercadorias através de pesquisas diárias de preços
(confira aqui os nomes das Corretoras).
IMPORTANTE:Valores coletados se referem a negócios realizados no mercado físico, para pronta entrega.

Fonte: Bolsa Brasileira de Mercadorias

Metodologia cotações

COTAÇÕES AGRÍCOLAS BBM

METODOLOGIA DE PREÇOS AGRÍCOLAS DA BOLSA BRASILEIRA DE MERCADORIAS

REGIÃO DE REFERÊNCIA:

Negócios realizados nas principais regiões produtoras e consumidoras dos produtos no Brasil.

TRATAMENTO ESTATÍSTICO:

A amostra diária é submetida a dois procedimentos estatísticos: média aritmética dos valores informados excluindo-se o desvio padrão (são aceitos valores que estejam no intervalo de dois desvios-padrão para cima e para baixo em relação à média da amostra em 10%) e análise do coeficiente de variação.

BASE DE PONDERAÇÃO DAS REGIÕES:

Média aritmética das informações coletadas.

PERIODICIDADE

Diária (somente em dias úteis). Os preços são coletados junto aos corretores de algodão, entre as 10:00 e 16:00 horas e divulgados, no mesmo dia, até às 17 horas.

HISTÓRICO:

Desde junho de 2018.

ORIGEM DA INFORMAÇÃO:

Corretoras Associadas/BBM, Cooperativas e Associações de Produtores Rurais.

IMPORTANTE::

Valores coletados se referem a negócios realizados no mercado físico, para pronta entrega.

Fonte: Bolsa Brasileira de Mercadorias

Corretoras Associadas/BBM, Cooperativas e Associações de Produtores Rurais.

Lista dos participantes no fornecimento das cotações de preços agrícolas pela BBM

  •  Algotextil Consultores Associados Ltda
  •  Associação dos Cafeicultores de Araguari – ACA
  •  Cereais Pampeiro Ltda
  •  Cerrado Corretora de Merc. & Futuros Ltda
  •  Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas – Cocapec
  •  Cooperativa dos Cafeicultores da Região de Lajinha – Coocafé
  •  Correpar Corretora de Merc. S/S Ltda
  •  Corretora Nacional de Mercadorias
  •  Costa Lima Corretora de Commodities Agrícolas Ltda
  •  Cottonbras Representação S.S. Ltda
  •  Cottonbrasil Corretores Associados Ltda.
  •  Depaula Corretora Ltda
  •  Expoente Correto. Merc. Imp. Export. Com. Represent. Ltda.
  •  Fibra Comercial e Corretora de Merc. Ltda
  •  Globo Corretora de Merc. Ltda
  •  Granos Comércio e Representações Ltda.
  •  Henrique Fracalanza
  •  Horus Algodão Consult. e Corretagens Ltda
  •  Instituto Brasileiro do Feijão e dos Pulses – IBRAFE
  •  JC Agronegócios EIRELI
  •  Laferlins Ltda.
  •  Lefevre Corretora de Mercadorias Ltda
  •  Mafer Agronegócios Ltda
  •  Mercado – Mercantil Corretora de Merc. Ltda
  •  Metasul Corretora Ltda
  •  Orbi Corretora de Mercadorias Ltda.
  •  Pluma Empreendimento e Participações S/S LTDA
  •  Renato – Agronegócio e Licitações Ltda
  •  Renda Corretora de Agroneg. e Transp.s Ltda
  •  Risoy Corretora de Merc.
  •  Robert Daniel Corretora
  •  Rocha Corretora de Merc. Ltda
  •  Rural Assessoria e Commodities Agricolas Ltda
  •  Sandias Corretora de Commodities Ltda
  •  Santiago & Oliveira Com. e Ind. Ltda
  •  Santiago Cotton Ltda
  •  Souza Lima Corretora de Mercadorias Ltda
  •  T.T. Menka Corretora de Mercadorias S/C Ltda.
  •  Translabhoro Serviços Agrícolas Ltda
  •  Vitória Intermediação de Negócios Ltda