Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) – As taxas dos DIs fecharam em leve alta nesta terça-feira, com destaque para os avanços em contratos de prazos mais curtos, conforme os investidores avaliaram surpresas altistas em dados da inflação brasileira, com o noticiário em torno do Federal Reserve também no radar.
No fim da tarde, a taxa do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 estava em 13,975%, em alta de 6 pontos-base ante o ajuste de 13,919% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2028 marcava 13,295%, ante o ajuste de 13,239%.
Entre os contratos longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 13,585%, ante 13,562% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 13,775%, ante 13,755%.
As atenções dos agentes financeiros domésticos nesta sessão estiveram voltadas à análise do IPCA-15 de agosto, com o IBGE informando que o índice registrou deflação em agosto pela primeira vez em dois anos graças à incorporação do chamado Bônus de Itaipu nas contas de energia e à queda nos preços dos alimentos.
Em agosto, o IPCA-15 teve queda de 0,14%, após avanço de 0,33% no mês anterior. O resultado levou a taxa em 12 meses a uma alta de 4,95%, de 5,30% em julho.
Imediatamente após a divulgação dos números, a reação do mercado parecia positiva mas, ao longo do dia, a avaliação se tornou mais desfavorável.
Segundo Luciana Rabelo, economista do banco Itaú, a abertura dos dados mostrou que houve “surpresas altistas em energia elétrica residencial, cursos regulares, alimentação fora do domicílio e higiene pessoal”. Para ela, as surpresas altistas reforçaram o impacto do mercado de trabalho apertado sobre a inflação.
O relatório reverteu parcialmente percepção que vinha sendo criada com dados anteriores de que o BC poderia antecipar o início de um ciclo de afrouxamento monetário, o que afetou de forma mais acentuada as taxas futuras de curto prazo, mais alinhadas com as projeções para a política monetária.
No cenário externo, o clima também estava favorável para a colocação de mais prêmios de risco nas dívidas soberanas, com os mercados ponderando sobre o significado da tentativa do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de demitir a diretora do Fed Lisa Cook.
A movimentação de Trump gerou a sensação de que a independência do banco central dos EUA possa estar ameaçada, o que elevou os rendimentos dos Treasuries para alguns prazos. O retorno do papel de 30 anos avançava 2 pontos-base, a 4,908%.