Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) – O Ibovespa fechou em queda nesta quarta-feira, com Petrobras entre as maiores pressões negativas, acompanhando o forte declínio dos preços do petróleo, enquanto Cosan figurou novamente na ponta positiva, refletindo expectativas relacionadas a um desfecho envolvendo a Raízen.
Investidores também repercutiram dados sobre a produção industrial no Brasil e vagas de emprego em aberto nos Estados Unidos, mantendo no radar o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros réus no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa recuou 0,34%, a 139.863,63 pontos, após marcar 139.581,88 pontos na mínima e 140.495,88 pontos na máxima. O volume financeiro somou R$17,75 bilhões.
De acordo com o analista Arthur Barbosa, da Aware Investments, Petrobras tem um dos maiores pesos no Ibovespa e acaba pressionando negativamente, em um dia de recuo do preço do petróleo no exterior na esteira de expectativas de aumento na produção por parte da Opep+ em outubro.
Barbosa também citou como componente negativo aos negócios os dados do IBGE sobre a indústria evidenciando a desaceleração da atividade econômica brasileira, mas ainda em níveis que apoiam as expectativas de manutenção da taxa Selic em patamar elevado.
Brasília continuou no foco de atenções, com o segundo dia do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros réus no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado.
De acordo com o analista Alison Correia, cofundador da Dom Investimentos, permanece a apreensão em relação a uma possível retaliação do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “A sentença está por vir, o grande ponto é em qual magnitude vai vir”, afirmou.
Trump citou o caso de Bolsonaro para impor tarifa comercial de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos EUA e o governo norte-americano tomou medidas contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF, que é relator do processo contra o ex-presidente.
Nos EUA, o índice S&P 500 fechou em alta de 0,51%, com a agenda macroeconômica mostrando que as vagas de emprego em aberto naquele país caíram mais do que o esperado em julho e as contratações foram moderadas, o que alimentou apostas de queda nos juros da maior economia do mundo neste mês.
DESTAQUES
– PETROBRAS PN cedeu 0,86% e PETROBRAS ON caiu 1,06%, em dia de queda dos preços do petróleo no exterior, onde o barril sobre o contrato Brent fechou em baixa de 2,23%, a US$67,60. No setor, BRAVA ON teve o pior desempenho, encerrando com declínio de 2,97%. A Petrobras também anunciou plano para oferta de títulos globais.
– ITAÚ UNIBANCO PN caiu 0,87%, também pesando no Ibovespa, em dia negativo para o setor. BANCO DO BRASIL ON recuou 0,69%, enquanto BRADESCO PN e SANTANDER BRASIL UNIT fecharam quase estáveis. Bancos brasileiros foram questionados pelo Departamento do Tesouro dos EUA sobre as ações envolvendo a Lei Magnitsky.
– VALE ON subiu 0,38%, encontrando suporte no avanço dos preços do minério de ferro na China, onde o contrato futuro mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou as negociações do dia com alta de 0,71%, a 777 iuans (US$108,63) a tonelada.
– AMBEV ON perdeu 2,14%, após o IBGE mostrar queda de 15,4% no volume de bebidas alcoólicas produzido no país em julho ante o mesmo mês de 2024, o que, segundo o UBS BB, ressalta o clima ainda desfavorável e a confiança do consumidor mais fraca.
– RD SAÚDE ON recuou 1,9%, com receios envolvendo potencial aumento de competição no varejo farmacêutico referendando movimentos de realização de lucros. As ações da dona da rede Drogasil e Raia fecharam agosto com ganho mensal de 30%, mesmo com tombo de 6,9% no último pregão do mês.
– COSAN ON avançou 8%, em meio a expectativas envolvendo um desfecho para a Raízen, joint venture da companhia com a Shell. A Cosan disse na véspera que avalia com a sócia possíveis interessados em uma transação para capitalização da empresa de combustíveis. RAÍZEN PN subiu 4,96%.