Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) – Uma geada registrada no Cerrado Mineiro em 11 de agosto deve reduzir a próxima safra de café da região em cerca de 412 mil sacas de 60 kg, ou cerca de 5,5% do potencial produtivo da importante área, apontou estudo divulgado pela Expocacer nesta terça-feira.
Segundo a cooperativa de cafeicultores, a região de Patrocínio, o maior município produtor de café do Brasil, e de outras cidades como Ibiá e Araxá foram as mais afetadas pelo fenômeno climático.
O Cerrado Mineiro, com produção estimada em mais de 6 milhões de sacas em 2025 segundo o último relatório divulgado pela consultoria StoneX, está entre as mais importantes regiões produtoras do Brasil, maior produtor e exportador global da commodity.
Mas o Cerrado produz menos, por exemplo, que o Sul de Minas, com safra estimada em pouco mais de 15 milhões de sacas de 60 kg em 2025, e que não foi atingido pelas geadas de agosto, segundo relatos iniciais.
Um dia depois da ocorrência da geada, o presidente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, Gláucio de Castro, disse à Reuters que as geadas tinham afetado os botões florais dos cafezais da região, o que poderia implicar no menor pegamento da florada para a safra de 2026 nas áreas afetadas.
A Expocacer afirmou que as quebras quantitativas e em percentual indicadas referem-se aos dados da área dos cooperados somados a informações de outras áreas do Cerrado — de não cooperados –, relatadas por outras entidades.
Em sessões da bolsa de Nova York, referência global para o café arábica, os preços futuros ganharam alguma sustentação após as informações das geadas, mais cedo neste mês. Nesta terça-feira, as cotações tinham alta com operadores citando os baixos estoques certificados na ICE.
De quase 13 mil hectares avaliados no estudo da Expocacer, 1.173 hectares apresentaram impactos causados pela geada, afetando 67 produtores, conforme o estudo enviado à Reuters. O levantamento foi feito via contato telefônico e por visitas a campo.
“Nas áreas diretamente atingidas pela geada, estima-se uma perda média de 55% do potencial produtivo”, afirmou a Expocacer.
Das áreas atingidas, o levantamento registrou dano leve, moderado e severo nas áreas de 15 produtores.
O dano severo compromete 90% da perda de produção, o moderado, 60%, e o leve, 30%, segundo o estudo.
A Expocacer afirmou que a avaliação dos níveis de danos por área deve continuar e, em novos relatórios, será possível a mensuração exata do problema por hectare.
(Por Roberto Samora)