Por Susan Heavey e Andrea Shalal e David Lawder
WASHINGTON (Reuters) – O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, disse nesta segunda-feira que “todas as opções” estão sobre a mesa para estabilizar a Argentina, incluindo linhas de swap e compras diretas de moeda, ao mesmo tempo em que destacou a confiança do presidente Donald Trump no líder argentino Javier Milei e em sua equipe econômica.
Bessent disse aos repórteres que qualquer ação dos EUA seria “ampla e enérgica”, mas nenhuma medida seria tomada até que ele e Trump se encontrassem com Milei em Nova York, na terça-feira, à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas.
Questionado se Washington poderia agir imediatamente, Bessent disse: “Veremos onde estão os mercados e qual é o nível de saídas — ou talvez as saídas se transformem em entradas — mas ninguém deve duvidar da determinação deste governo, ou da minha determinação.”
Bessent se recusou a falar sobre quais medidas específicas os EUA poderiam tomar para apoiar a Argentina e acalmar os mercados, mas disse: “Posso dizer que serão grandes e enérgicas”.
O secretário do Tesouro — um ex-executivo de fundos de hedge — disse ainda que não via risco de contágio financeiro da crise, ressaltando que Washington achava que a implementação das reformas econômicas na Argentina estava indo “muito bem”. Ele afirmou que o governo Trump esperava solidificar o que vê como uma guinada para a direita nos países latino-americanos, incluindo potencialmente a Colômbia.
SEM NOVOS TERMOS PARA O SUPORTE DOS EUA
Bessent anunciou pela primeira vez o apoio dos EUA à Argentina em uma publicação nas redes sociais, dizendo que todas as opções estavam sobre a mesa.
“Essas opções podem incluir, mas não estão limitadas a, linhas de swap, compras diretas de moeda e compras de dívida governamental denominada em dólares americanos do Fundo de Estabilização Cambial do Tesouro”, escreveu Bessent no X.
Ele disse aos repórteres que qualquer ação dos EUA não resultaria em novas demandas ou condições além da adesão contínua da Argentina aos termos do acordo de empréstimo com o Fundo Monetário Internacional.
“Não posso falar pelo presidente, mas, no que diz respeito ao Tesouro, não há condicionalidade”, afirmou.
Em abril, a Argentina assinou um novo acordo de empréstimo de US$20 bilhões com o Fundo Monetário Internacional (FMI), com prazo de quatro anos, que exigiu que o país desmantelasse controles cambiais de longa data e afrouxasse o controle sobre o peso.
Milei busca apoio para suas políticas econômicas em um momento em que os mercados financeiros estão abalados pela derrota de seu partido nas eleições legislativas na província de Buenos Aires, sinalizando crescente descontentamento com a austeridade.
O banco central da Argentina fez sua maior venda diária de dólares em quase seis anos na sexta-feira, continuando a usar reservas para dar suporte à moeda local, atendendo à forte demanda pela moeda norte-americana por parte de investidores institucionais preocupados com a instabilidade política.
A última intervenção do banco totalizou US$678 milhões, elevando o valor total de dólares vendidos nas últimas três sessões para US$ 1,1 bilhão.
“Continuamos confiantes de que o apoio do presidente @JMilei à disciplina fiscal e às reformas pró-crescimento são necessários para quebrar o longo histórico de declínio da Argentina”, escreveu Bessent no X.
TESOURO SATISFEITO COM POSIÇÃO DO FMI SOBRE ARGENTINA
Bessent disse a repórteres que o FMI não conseguiu fazer ajustes em seu programa para a Argentina até depois das eleições argentinas. Ele disse que conversou com a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, no fim de semana e que está “muito satisfeito” com a posição do credor global.
Não ficou imediatamente claro se Georgieva, que também deve participar das reuniões da ONU, se reunirá com Milei em Nova York. Um porta-voz do FMI não pôde ser contatado de imediato para comentar a situação da Argentina.
Questionado se havia consultado agentes de Wall Street ou bancos sobre a necessidade de uma intervenção em nome da Argentina, Bessent disse: “Nada disso se baseia nas posições do mercado americano. Eles são livres para assumir ganhos ou perdas. Nossa equipe de mercados interage com investidores todos os dias sobre uma variedade de tópicos.”
Questionado se o empresário Elon Musk teve alguma influência ou desempenhou algum papel nisso, considerando os relatos de que ele falou com Trump no domingo, Bessent disse: “Não que eu saiba”.
Quando questionado sobre o que desencadeou a crise, Bessent culpou investidores nervosos com alguma “memória muscular” do governo anterior da Argentina.
“Ou há alguma gestão de risco ou uma corrida para sair com a ideia de que a oposição pode se sair bem nas próximas eleições”, disse ele.
(Reportagem de Andrea Shalal, David Lawder e Susan Heavey)