As associações ligadas ao setor cafeeiro no Brasil emitiram novas notas públicas a respeito da entrada em vigor das tarifas dos Estados Unidos sobre o café nacional. Em todos os casos a preocupação continua sobre o fato do produto não ter entrado na lista das isenções, porém, reforçam que as negociações continuam e que seu trabalho com seus pares nos EUA também.
NOTA CECAFÉ
O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) segue atuando, junto aos pares dos Estados Unidos, como a National Coffee Association (NCA), trades, importadoras e redes de cafeteria, assim como brifando o governo com dados e orientações do setor dos cafés do Brasil, com o objetivo de que o café seja incluído em uma lista norte-americana de isenção da taxação, pois se trata de um produto que os EUA não cultivam em escala para atender o mercado interno, lembrando que eles são os maiores consumidores mundiais, absorvendo mais de 24 milhões de sacas ao ano.
Na eventualidade disso não ocorrer, seguiremos trabalhando para que o café entre na lista de isenções do Brasil, sendo excluído da taxação adicional de 40% e passando a ser tributado com os 10% do primeiro anúncio, em abril, o que colocaria o país em condições de igualdade ou até mesmo em vantagem na comparação com os principais concorrentes fornecedores aos EUA. Temos expectativa positiva e mantemos a esperança para que um dos cenários supracitados aconteça.
A respeito de novos mercados, é crescente o consumo em algumas nações da Europa e, em especial, da Ásia, como Índia e China. O Brasil, como maior produtor global, é o único país capaz de atender a essa demanda crescente, contudo, não se trata de uma absorção do volume de 8,1 milhões de sacas que exportamos aos EUA. Não podemos relativizar o mercado norte-americano, que é nosso principal comprador, onde respondemos por 30% da oferta. Ou seja, há uma relação de interdependência entre Estados Unidos e Brasil.
Sobre a notícia da habilitação da China de empresas brasileiras, isso não implica vendas imediatas ou aumento da exportação de café para lá, uma vez que essa comercialização é feita empresa a empresa, ou seja, o eventual aumento dos embarques ao país asiático dependerá da demanda apresentada pelas trades chinesas junto a nossos exportadores.
Atenciosamente,
Marcos Matos
Diretor-geral do Cecafé
NOTA ABICS
A Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (ABICS), que representa a totalidade desse segmento industrial no Brasil, manifesta, hoje, com profunda preocupação, a entrada em vigor da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre as importações do café solúvel brasileiro. Essa medida, formalizada por meio de uma ordem executiva em 30 de julho, representa um desafio significativo e sem precedentes para a competitividade do nosso produto no mercado norte-americano.
Os EUA são, historicamente, o principal parceiro comercial e destino do café solúvel brasileiro. Em 2024, as importações norte-americanas do produto do Brasil alcançaram aproximadamente 780 mil sacas de 60 kg, correspondendo a cerca de 20% do total das nossas exportações do segmento. Atualmente, o café solúvel brasileiro responde por mais de 25% do volume importado pelos Estados Unidos, posicionando-nos como o segundo maior fornecedor a esse mercado.
A imposição desta tarifa de 50% coloca o Brasil em uma flagrante desvantagem competitiva. Enquanto o México, nosso principal concorrente, poderá comercializar sem tarifas e outros fornecedores após o Brasil enfrentarão taxas de 10% a, no máximo, 27%, o café solúvel brasileiro será o mais penalizado. Esta decisão não apenas prejudica a indústria brasileira, mas também pode impactar negativamente os consumidores norte-americanos, que se beneficiam da qualidade e do preço competitivo do produto nacional.
Diante deste cenário, a ABICS, em conjunto com as demais associações e entidades ligadas ao agronegócio café, em estreito contato com nossos clientes nos EUA, além das autoridades brasileiras, intensificou os esforços de diálogo e negociação. Nosso objetivo primordial é buscar a reversão desta medida ou, no mínimo, garantir a isenção de tarifas para todos os cafés do Brasil, tanto em suas formas in natura quanto industrializadas.
Continuaremos a trabalhar incansavelmente, em sinergia, para defender os interesses de nossos associados e assegurar que o café solúvel brasileiro mantenha seu merecido espaço no mercado global. Estamos confiantes que o bom senso prevalecerá e que uma solução justa e equilibrada será alcançada para preservar um mercado estratégico para o Brasil e para os consumidores norte-americanos.
Atenciosamente,
Aguinaldo Lima
Diretor executivo da ABICS
Veja também o vídeo de Vinícius Estrela, diretor executivo da BSCA: