Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – A divulgação de dados acima do esperado sobre o mercado de trabalho e a economia dos Estados Unidos pela manhã deu força ao dólar ao redor do mundo, inclusive no Brasil, onde a moeda norte-americana fechou a quinta-feira com alta firme — a segunda consecutiva.
O dólar à vista encerrou a sessão em alta de 0,70%, aos R$5,3650. No ano, porém, a divisa acumula baixa de 13,17%.
Às 17h03 na B3 o dólar para outubro — atualmente o mais líquido no Brasil – subia 1,04%, aos R$3695.
O Departamento do Trabalho dos EUA informou que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego caíram em 14.000, para 218.000 na semana encerrada em 20 de setembro, em dado com ajuste sazonal. Economistas consultados pela Reuters previam 235.000 pedidos para a última semana.
Já o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA cresceu a uma taxa anualizada revisada para cima de 3,8% no segundo trimestre, informou o Departamento de Comércio. O percentual representa uma elevação ante a estimativa anterior, de 3,3%.
Os números mais fortes que o esperado impulsionaram os rendimentos dos Treasuries e o dólar ante outras divisas, com investidores dosando a perspectiva de corte de juros pelo Federal Reserve nos próximos meses.
No Brasil, isso fez o dólar à vista apagar as leves baixas do início da sessão ante o real, virando para o positivo e renovando máximas no restante do dia.
Após registrar a cotação mínima de R$5,3095 (-0,34%) às 9h29 — imediatamente antes da divulgação dos números norte-americanos –, o dólar à vista escalou até a máxima de R$5,3716 (+0,82%) às 16h25.
Os dados dos EUA acabaram ofuscando as divulgações de mais cedo no Brasil.
Antes da abertura da sessão, o Banco Central havia informado, por meio do Relatório de Política Monetária, que reduziu sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025, de 2,1% para 2,0%. Além disso, estimou em 1,5% a expansão da economia em 2026.
“A ligeira redução decorre dos efeitos, ainda incertos, do aumento das tarifas de importação pelos Estados Unidos da América, bem como de sinais de moderação da atividade econômica no terceiro trimestre”, disse o BC no documento.
Já o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA-15, considerado uma prévia da inflação oficial, subiu 0,48% em setembro, abaixo da estimativa de 0,51% dos economistas em pesquisa da Reuters.
Em entrevista coletiva em Brasília, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, demonstrou cautela ao abordar a política monetária. Segundo ele, a instituição segue “dependente de dados” para definir a trajetória da Selic, atualmente em 15% ao ano. Galípolo também reforçou a ideia de que o BC atua no mercado apenas para corrigir disfuncionalidades e que o câmbio é flutuante no Brasil.
No mercado futuro da B3, o dólar para outubro passou nesta quinta-feira por correções técnicas. No fim da tarde de quarta, com o mercado à vista já fechado, ele havia perdido força ante o real, em meio a especulações na imprensa de que o ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado à prisão, teria aceitado apoiar o atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, na corrida presidencial de 2026.
Sem uma confirmação oficial do arranjo político, nesta quinta-feira o dólar para outubro passou por ajustes e exibiu altas percentuais maiores que as vistas no mercado à vista.
No exterior, às 17h11, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,67%, a 98,490.