Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) -O dólar emplacou nesta sexta-feira a terceira sessão consecutiva de queda ante o real, após dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos reforçarem as apostas no corte de juros pelo Federal Reserve neste mês.
A moeda norte-americana à vista fechou a sessão com queda de 0,61%, aos R$5,4139, acumulando baixa de 1,11% nos últimos três dias. Na semana a divisa dos EUA recuou 0,15% e, no acumulado do ano, 12,38%.
Às 17h04 na B3 o dólar para outubro – atualmente o mais líquido no Brasil — cedia 0,68%, aos R$5,4440.
A baixa do dólar ante o real esteve em sintonia com o recuo quase generalizado da moeda norte-americana ante as demais divisas no exterior, na esteira da divulgação do relatório de empregos payroll.
O Departamento do Trabalho dos EUA informou pela manhã que a economia do país criou 22 mil postos de trabalho em agosto, abaixo dos 75 mil postos da mediana de pesquisa da Reuters com economistas. A taxa de desemprego, por sua vez, ficou em 4,3%, em linha com o projetado.
Os números do payroll, considerados fracos, reforçaram as apostas de corte de juros pelo Fed já este mês.
“Mesmo com a inflação ainda elevada… a probabilidade de corte das Fed Funds está em praticamente 100%, com parte do mercado apostando inclusive em um corte mais forte, de 0,5 ponto”, afirmou Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad, em comentário escrito.
Em reação, o dólar à vista chegou a oscilar abaixo dos R$5,40 em diferentes momentos da sessão. Por trás do movimento estava a visão de que, com uma taxa básica Selic de 15% e a perspectiva de cortes nos juros norte-americanos (hoje na faixa de 4,25% a 4,50%), o Brasil torna-se ainda mais atrativo para o capital internacional.
Na cotação mínima do dia, às 11h03, o dólar à vista foi negociado a R$5,3826 (-1,18%), sob influência do payroll. Porém, ao romper os R$5,40 — uma forte resistência técnica — o dólar atraiu compradores, inclusive em outros momentos da sessão, o que reconduziu as cotações a níveis um pouco mais altos.
Operador ouvido pela Reuters pontuou que, caso o Fed opte por cortar os juros em 50 pontos-base este mês, e não em apenas 25 pontos-base, haveria espaço para um dólar abaixo dos R$5,40.
Pela manhã, sem efeitos para o câmbio, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, falou à imprensa sobre o endurecimento das medidas de segurança para o Pix e o TED. O BC limitou em R$15 mil as operações destas ferramentas feitas por meio de algumas instituições.
Também pela manhã o BC vendeu toda a oferta de 40.000 contratos de swap cambial tradicional em operação de rolagem.
No exterior, às 17h08 o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,47%, a 97,774.
(Edição de Isabel Versiani e Pedro Fonseca)