Trabalho no setor sucroenergético desde 2003 e, nesses mais de 22 anos de atuação, aprendi que não existe uma “receita de bolo” entre as safras. Cada ano é único e apresenta suas próprias características.
Na safra 2024/2025, por exemplo, enfrentamos uma grande seca que derrubou a produtividade dos canaviais, além dos incêndios que atingiram principalmente o interior do Estado de São Paulo.
Já nesta safra, 2025/2026, temos um novo cenário. Apesar do susto que as chuvas nos causaram em meados de janeiro e fevereiro, elas retornaram com força nos meses de março e abril, e se prolongaram em algumas regiões até julho, com precipitações de até 60 mm.
Isso foi ruim para a manutenção da qualidade da cana-de-açúcar, que hoje se encontra na faixa de 122,4 kg/ton (PECEGE, julho de 2025), valor abaixo do mesmo período do ano passado. No entanto, o excesso de chuva foi excelente para garantir a produção da próxima safra.
Explicando melhor: com o prolongamento das chuvas adentrando o meio da safra na região Centro-Sul, a volta da umidade do solo vem garantindo uma melhor rebrota dos canaviais recém-colhidos, estabelecendo um melhor estande para essas áreas.
Como sabemos, a produção se dá por alguns fatores: altura da planta, diâmetro do colmo e, principalmente, população — sendo esta última garantida pelas chuvas dos últimos meses.
Entretanto, “nem tudo são flores”. O fato de termos garantido a população inicial do canavial nos leva a pensar: como será daqui para frente?
Com uma alta população de plantas no campo, os perfilhos começam a competir entre si por nutrientes, luz e, principalmente, por água. Isso nos lembra que estamos iniciando um período de estiagem, que, caso siga o histórico, deve se estender até outubro/novembro. E então surge a grande pergunta: como ficarão as plantas?
A resposta me parece clara: caso volte a chover no período esperado, a precipitação permitirá a permanência dos perfilhos, e poderemos sorrir com uma alta produção. No entanto, se as chuvas não retornarem a tempo, podemos ter uma grande quebra de safra — talvez até acentuada pelas chuvas de junho/julho, que aumentaram o estande de plantas.
Ou seja, mais uma vez estamos à mercê do clima.
Novamente, uma das formas de mitigar esse possível risco é por meio do uso de sistemas de irrigação. Desta vez, no entanto, os sistemas devem ser capazes de irrigar canaviais adultos. Para isso, uma das tecnologias mais indicadas é a irrigação por gotejamento.
O sistema de irrigação por gotejamento aplica água diretamente na região radicular das plantas, em alta frequência e com baixa intensidade, por meio de emissores conhecidos como gotejadores. O objetivo é suprir a deficiência hídrica da cultura, mantendo o solo próximo à sua capacidade de campo. Estima-se que a eficiência da irrigação por gotejamento varie de 95% a 100%.
Concluindo: a safra 2025/2026, mais uma vez, será determinada por questões climáticas. O retorno — ou não — das chuvas será o fator preponderante. Nesse contexto, temos duas opções: perder o sono e aguardar até novembro ou investir em um sistema de irrigação e parar de depender do clima para nossas tomadas de decisão.
A escolha é sua.