O mercado do cacau reforçou seu comportamento volátil nos últimos dias. No dia 11 de agosto, o contrato de dezembro chegou a atingir USD 8.823/t em Nova York e GBP 5.920/t em Londres ao longo da sessão, movimento que levou o RSI a se aproximar da zona de sobrecompra, a um nível não visto desde maio.
“Esse avanço foi impulsionado pelo movimento de compra dos fundos, que gerou o rompimento de resistências técnicas. Além disso, o cenário encontrou suporte nas preocupações com o clima na África Ocidental, na redução dos estoques monitorados pela ICE e nas incertezas quanto aos impactos das tarifas americanas sobre o mercado de cacau”, diz Carolina França, Analista de Inteligência de Mercado da Hedgepoint.
Entretanto, após o rali, o contrato passou por um movimento de correção e encerrou a semana de 22 de agosto cotado a USD 7.781/t em Nova York e GBP 5.320/t em Londres, acumulando quedas semanais de 6,0% e 4,2%, respectivamente. O movimento também refletiu fatores como sinais de melhora na condição climática na África Ocidental e a possibilidade de acordo entre EUA e Equador.
“Apesar das preocupações a respeito do impacto do clima no desenvolvimento da safra principal dos países africanos, a ocorrência de chuvas isoladas em algumas regiões da Costa do Marfim trouxe certo alívio para o início da próxima safra principal, em outubro”, diz.
A analista ressalta que, o modelo climático europeu indica condições diversas para as regiões de produção de cacau na África Ocidental, com possibilidade de chuva acima da média em regiões importantes como Bas-Sassandra, principal distrito produtor da Costa do Marfim. “Porém, vale reforçar que além de chuvas, importantes para a fase atual de florescimento secundário, o sol também contribui para o desenvolvimento dos frutos, o que reforça a necessidade de um cenário climático equilibrado para as próximas semanas”, afirma.
EUA
Nos Estados Unidos, os estoques certificados da ICE apresentaram aumento ao longo da semana, impulsionados por maiores entregas de países como Colômbia, Peru e Equador, este último em linha com o avanço da safra local, cuja colheita se intensifica a partir de agosto.
“Ainda assim, os volumes permanecem ligeiramente abaixo do registrado no mesmo período do ano passado (mesma situação na Europa). Vale destacar, contudo, o elevado número de sacas atualmente aguardando classificação. Este último fator poderá ajudar a trazer uma perspectiva mais confortável após a conclusão do processo de certificação, mesmo que os estoques permaneçam abaixo da sua média histórica”, explica.
Equador
Ainda sobre o país, este ganhou destaque em um ponto que o mercado acompanha de perto: a possibilidade de um acordo tarifário com os Estados Unidos. A analisa observa que, atualmente, as exportações de cacau equatoriano para o mercado norte-americano estão sujeitas a uma tarifa de 15%, mas há rumores de negociações em andamento para isentar o produto. Isso reforça a tendência de crescimento das compras norte-americanas de cacau equatoriano, que já vêm superando os volumes do ano passado.
Nesse contexto, os preços do cacau podem enfrentar um viés mais baixista no curto prazo. Ainda assim, a elevada volatilidade mantém o mercado sensível a qualquer novidade. “Em Nova York, os especuladores reduziram suas posições compradas na semana até 19 de agosto, mantendo o saldo líquido próximo da neutralidade e ainda abaixo dos patamares históricos, o que reforça a percepção de cautela no mercado. Já em Londres, houve aumento das posições líquidas compradas, mas ainda em níveis modestos”, diz.