Com o objetivo de prover orientações técnicas à cadeia produtiva de cacau brasileira quanto às crescentes exigências dos mercados, a Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC) lançou a Cartilha Técnica de Rastreabilidade do Cacau. A publicação foi apresentada durante a ExpoCacau 2025, realizada de 26 a 28 de agosto, em Ilhéus (BA), e serve como guia técnico para produtores, cooperativas, intermediários e indústrias sobre os instrumentos aptos a comprovar a origem do cacau e garantir transparência em toda a cadeia produtiva. “Trata-se de um material didático que reúne informações relevantes. Para a AIPC, a rastreabilidade é fundamental para dar segurança ao consumidor, abrir mercados diferenciados e permitir a competitividade nacional e internacional do cacau brasileiro”, afirma a presidente-executiva da AIPC, Anna Paula Losi.
Com o conteúdo técnico elaborado pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), a cartilha reúne referências acadêmicas, experiências de outras cadeias produtivas e contribuições de especialistas e representantes do setor. Entre os destaques, o material apresenta a definição de rastreabilidade, descreve os diferentes modelos possíveis de controle – do Balanço de Massa à Identidade Preservada – e detalha o papel de cada ator da cadeia, desde o produtor até a indústria. A publicação também traz aspectos práticos, como a necessidade de registrar corretamente o nome e CPF/CNPJ do produtor nas notas fiscais, além de mostrar como a rastreabilidade pode ser utilizada como ferramenta para atestar conformidade socioambiental por cada elo da cadeia, de acordo com suas necessidades.
“A Cartilha de Rastreabilidade do Cacau é um conteúdo técnico acessível a todos, com informações básicas para a implementação de um importante passo para o setor e, também, conteúdos complementares, tanto para a sua compreensão, quanto para a ampliação dos esforços para o atendimento de normativas mais exigentes, como a EUDR, por exemplo”, destaca João Eduardo Tombi de Avila, coordenador de ESG do Imaflora.
O lançamento ocorre em um momento em que a cacauicultura brasileira passa por forte transformação, com a expansão do cultivo para novas regiões além dos polos tradicionais da Bahia e Pará, e diante da pressão de mercados nacionais e internacionais por rastreabilidade e conformidade socioambiental. “É um momento desafiador para toda a cadeia, e a rastreabilidade é um ponto fundamental a ser trabalhado por todos os elos do setor, em benefício dos consumidores”, reforça Anna Paula.
Anna Paula ainda destaca que “a cartilha é um documento orientativo para todos os atores da cacauicultura brasileira, mas não pretende adotar ou implementar práticas obrigatórias ou coletivas que visem orientar qualquer prática comercial. Cada ator da cadeia tem autonomia para adotar modelos e/ou ferramentas de rastreabilidade que melhor atendam às suas necessidades, sem monitoramento, fiscalização ou penalização em caso de não adoção dos parâmetros da Cartilha Técnica”.