Os preços do açúcar fecharam em alta nesta quarta-feira (20) nas bolsas de Nova Iorque e Londres, sustentados por sinais de maior demanda internacional e por projeções mais pessimistas para a produção de cana no Brasil. Importações recordes da China e estimativas de quebra de safra no Centro-Sul brasileiro deram suporte ao avanço das cotações.
Em Nova Iorque, o outubro/25 subiu 0,26 cent (+1,59%), negociado a 16,57 cents/lbp. O março/26 avançou 0,26 cent (+1,51%), para 17,27 cents/lbp. O maio/26 ganhou 0,24 cent (+1,41%), cotado a 16,97 cents/lbp, enquanto o julho/26 valorizou 0,21 cent (+1,25%), fechando a 16,85 cents/lbp.
Na Bolsa de Londres, os ganhos foram mais expressivos. O outubro/25 encerrou a US$ 489,60 por tonelada, alta de US$ 11,80 (+2,47%). O dezembro/25 avançou US$ 9,60 (+2,04%), para US$ 480,80 por tonelada. O março/26 subiu US$ 6,80 (+1,44%), cotado a US$ 480,70 por tonelada, enquanto o maio/26 ganhou US$ 5,90 (+1,25%), fechando a US$ 479,40 por tonelada.
Segundo o portal Barchart, o movimento foi sustentado pela forte importação chinesa em julho, quando o país comprou 740 mil toneladas de açúcar, aumento de 76% em relação ao ano anterior. O volume representou um recorde para o mês.
Lívea Coda, coordenadora de Inteligência de Mercado da Hedgepoint, destacou em relatório que a China deve importar mais do que o previsto anteriormente, mesmo diante da elevada produção doméstica e do cenário positivo para 2025/26. Até julho, o volume importado ainda é 9% menor do que na temporada passada, mas a expectativa é de que as chegadas entre agosto e setembro superem em 13% o mesmo período de 2024.
“O Ministério da Agricultura revisou sua previsão de importação para 2024/25 de 4,75 milhões de toneladas para 5 milhões de toneladas. Nossa estimativa atual inclui 4,6 milhões de toneladas de açúcar bruto e pelo menos 1 milhão de toneladas de xarope em equivalente de açúcar. O contrabando ainda pode ter um papel relevante, como visto em anos anteriores”, pontuou Coda.
Além da demanda asiática, os preços também foram apoiados por projeções mais baixas para a safra brasileira. A SCA Brasil divulgou nesta quarta-feira uma estimativa de moagem de 590,4 milhões de toneladas de cana na safra 2025/26, queda de 5% frente às 621,9 milhões do ciclo anterior.
De acordo com Martinho Seiiti Ono, CEO da SCA Brasil, a redução decorre da queda de 4,8% no rendimento agrícola (TCH) e de 5% no ATR, o pior resultado em várias safras. “O somatório destes dois fatores resulta em um impacto total equivalente a 53 milhões de toneladas de cana a menos em relação à safra anterior”, afirmou.
O que tem ajudado a reduzir o tamanho dessa perda é o maior direcionamento de cana para produção de açúcar, enquanto o etanol de milho vem ganhando mais espaço no setor de biocombustível.
“Apesar de adversidades verificadas no atual ritmo de produção, o setor sucroenergético tem direcionado maior volume de matéria-prima para a fabricação de açúcar. […] Os números consolidam a expansão do etanol de milho, cuja fabricação deverá crescer 20%, saindo de 8,19 bilhões em 2024-2025 para 9,80 bilhões de litros ao final da safra 2025-2026”, afirmou Martinho Seiiti Ono.