Os contratos de açúcar recuam nesta sexta-feira, com o outubro/25 em Londres cotado a US$ 478,70 por tonelada, recuo de 2,19%, enquanto os contratos de Nova Iorque registraram 16,40 cents por libra-peso para outubro/25 (-1,09%) e 17,11 cents para março/26 (-0,98%). Segundo Marcelo Filho, analista em inteligência de mercado da StoneX, o cenário ainda carece de fundamentos sólidos para romper a barreira dos 17 cents/lbp na Bolsa de Nova Iorque. “Tanto na segunda quanto na terça-feira, o mercado testou os 17, os 17,05 cents/lbp, mas não conseguiu se manter nesse patamar. Ontem a sessão já foi mista e hoje há uma queda mais forte, embora ainda não robusta”, explicou. O analista acrescenta que a demanda por preços mais baixos ainda permite alguma influência de compradores nos negócios, enquanto os fundos especulativos permanecem sem base para sustentar uma alta consistente acima dos 17 cents/lbp.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estimou que a produção de açúcar no país alcançará um recorde histórico de 9,42 milhões de toneladas curtas na safra 2025/26, que começa em outubro. O crescimento é resultado do aumento na produção tanto de beterraba quanto de cana-de-açúcar. Segundo o USDA, a projeção para o açúcar de beterraba foi elevada de 5,09 milhões de toneladas para 5,26 milhões de toneladas, enquanto a produção de açúcar de cana passou de 4,09 milhões de toneladas para 4,16 milhões de toneladas. Esses números reforçam a expectativa de uma safra robusta nos Estados Unidos, impactando o cenário de oferta global de açúcar.
No Brasil, incêndios, seca e geadas contribuíram para impactar negativamente a safra 2025-2026 de cana-de-açúcar, com queda nas toneladas de cana por hectare (TCH) e nos índices de açúcares totais recuperáveis (ATR). Levantamento realizado pela SCA Brasil aponta para uma redução de 5,4% no volume de cana em comparação com a safra anterior, resultando em uma oferta mais apertada de açúcar e etanol na principal região produtora do país, a Centro-Sul.
Segundo o CEO da SCA Brasil, Martinho Seiiti Ono, as projeções mostram que o etanol de milho entra em cena para compor a demanda de forma essencial, representando 27% da produção do biocombustível. A oferta limitada de cana cria a expectativa de que os produtores priorizem o açúcar, com 50,1% da cana destinada a essa produção. Ao mesmo tempo, a queda de 15% nos preços do açúcar e a valorização do real tornam a produção de etanol mais vantajosa em algumas regiões, influenciando o mix de produção.