Os preços do açúcar fecharam em alta nesta segunda-feira (11), ampliando os ganhos da última sessão, diante da crescente preocupação com a safra brasileira. Segundo a Reuters, comerciantes apontam atenção especial ao ATR (teor de açúcar) da cana no Brasil, maior produtor global, na temporada 2025/26.
Em entrevista ao Notícias Agrícolas, João Baggio, diretor-presidente da G7 Agro Consultoria, explicou que esta época do ano costuma registrar os melhores ATRs da safra, mas o cenário atual mostra reduções de cerca de 5% em relação à temporada anterior. “Ninguém esperava o clima impactando também o ATR”, afirmou.
Baggio destacou que, após uma produção já menor no ciclo passado em comparação ao recorde de 2023/24, a safra atual volta a cair. “O clima está impactando seriamente na produtividade e em todo o planejamento do sucroenergético”, disse. Ele projeta uma produção de 580 milhões de toneladas, abaixo das estimativas de outras consultorias, que calculam até 605 milhões de toneladas.
A redução é atribuída principalmente à seca de 2024, além de danos recentes provocados por geadas. Como Baggio destacou durante a entrevista, houve ocorrência do fenômeno há cerca de 15 dias, novamente na última madrugada e há previsão para a madrugada de terça-feira. O impacto deve afetar especialmente soqueiras e canas mais novas.
De acordo com o que explicou o diretor, as perdas na safra 25/26 vão começar a ser mensuradas com maior precisão a partir de dezembro, após o período chuvoso do mês de novembro. Caso o clima seja seco novamente, como foi em 2024, a produção brasileira terá o impacto bastante significativo.
A consultoria Covrig Analytics já havia alertado, na semana passada, que relatos de menor produtividade poderiam derrubar a produção de cana do Brasil para menos de 600 milhões de toneladas.
Nos mercados internacionais, o açúcar encerrou o dia valorizado. Na Bolsa de Nova York, o contrato outubro/25 avançou 0,24 cent (+1,48%), a 16,49 cents/lbp. O março/26 subiu 0,21 cent (+1,24%), a 17,13 cents/lbp. O maio/26 ganhou 0,16 cent (+0,96%), fechando a 16,82 cents/lbp, enquanto o julho/26 subiu 0,12 cent (+0,72%), a 16,68 cents/lbp.
Em Londres, o outubro/25 fechou em alta de US$ 3,60 (+0,76%), a US$ 474,90 por tonelada. O dezembro/25 avançou US$ 4,10 (+0,88%), para US$ 468,40 por tonelada. O março/26 ganhou US$ 4,00 (+0,85%), cotado a US$ 472,40 por tonelada, e o maio/26 subiu US$ 3,60 (+0,77%), a US$ 473,10 por tonelada.