“O setor animal é o único que transforma lixo em alimento”, disse Decio Coutinho, presidente executivo da ABRA (Associação Brasileira de Reciclagem Animal) durante palestra nesta terça-feira (22), ministrada na 11ª edição do Encontro Avícola e Empresarial Unifrango, em Maringá-PR.

Anualmente, o setor de reciclagem animal recolhe cerca de 13 milhões de toneladas de resíduos, e 5,9 mi/t são transformados em produtos como farinha e gorduras com alto valor nutricional.
Estes derivados da reciclagem são exportados para 68 países, incluindo mercados exigentes como Ásia, África, América Latina e Oriente Médio.
“Transformar resíduos inevitáveis do abate, como sangue, vísceras e ossos, em novos insumos que voltam à cadeia produtiva reduz significativamente os custos de produção. Além de contribuir para o equilíbrio da alimentação animal”, explicou Coutinho.

ABRA: Setor de reciclagem animal mira oportunidades no mercado europeu de combustíveis sustentáveis
Assessoria de Comunicação ABRA
Com a demanda por energia limpa crescendo rapidamente na Europa, a gordura animal brasileira desponta como uma alternativa estratégica para abastecer o setor de biocombustíveis. Foi o que destacou Rafael Ramirez, representante da empresa suíça Oil & Bio Trade SA, em apresentação realizada durante a reunião da Câmara de Comércio Exterior da ABRA (CAMEX ABRA), na última semana (17).
Ramirez compartilhou uma análise sobre as oportunidades de inserção do produto brasileiro nas cadeias produtivas de HVO (óleo vegetal hidrotratado) e SAF (combustível sustentável de aviação), segmentos em franca expansão no continente europeu. Com o aumento da capacidade de refino e metas mais rígidas de descarbonização, os produtores europeus enfrentam desafios crescentes para garantir o suprimento de matérias-primas, especialmente gorduras de origem animal certificadas. Nesse cenário, o Brasil se destaca como importante fornecedor em potencial.
O especialista reforçou que a União Europeia consome atualmente cerca de 2,5 milhões de toneladas por ano de gordura animal, divididas entre os tipos Cat. 1, Cat. 2 e Cat. 3, e que a oferta interna já não acompanha o ritmo da demanda. Segundo ele, produtores brasileiros que atendam às exigências sanitárias e ambientais do bloco europeu têm grandes chances de inserir seus produtos nesse mercado.
Durante a apresentação, também foram discutidos aspectos técnicos e regulatórios que envolvem o acesso ao mercado europeu. A fala de Ramirez trouxe, ainda, reflexões sobre o cenário internacional mais amplo, marcado por instabilidades comerciais e por medidas unilaterais, como o anúncio de tarifas mais altas por parte dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Diante desse contexto, ele reforçou a importância de diversificar mercados e consolidar relações comerciais com parceiros estratégicos e estáveis, como a União Europeia, com destaque para a Itália.
Agora, com as informações em mãos, os membros da CAMEX ABRA seguem refletindo sobre os caminhos apresentados, atentos às oportunidades que podem se abrir conforme suas estratégias e interesses comerciais.