ARTIGO - O agro e o coronavírus

A oportunidade mais importante está bem à nossa frente
Por Sara Kirchhof
27/03/2020 | 217

ARTIGO - O agro e o coronavírus

A oportunidade mais importante está bem à nossa frente
Por Sara Kirchhof
27/03/2020 | 217

Enquanto milhões de brasileiros estão tendo que se isolar em casa para evitar a disseminação do novo coronavírus que chegou ao Brasil há cerca de um mês depois de atravessar continentes, alguns serviços precisam se manter firmes para que o país não pare, entre eles, o agronegócio. A potente máquina do agro segue operante para garantir que não falte alimento às famílias brasileiras que enfrentam este momento tão delicado, e isso inclui todos os elos da cadeia produtiva, desde o produtor rural, à indústria alimentícia, passando por rodovias com o transporte de cargas até chegar na ponta final, contando com supermercados em total operação Brasil afora, afinal, podemos parar  muitas das nossas atividades mas, comer, definitivamente, não é uma delas.

 

Ao longo das últimas semanas, entidades ligadas ao agro se preocuparam em publicar e divulgar notas para a imprensa com a intenção de tranquilizar a todos afirmando que o país não terá problemas de abastecimento ao mesmo tempo em que vídeos otimistas vindos da cadeia produtiva percorreram rapidamente os celuares de brasileiros ratificando a mensagem e levando esperança. Como bem sabemos, em outros países que também tentam lidar com o vírus, é impossível seguir tal modelo, pois pouquíssimos possuem a mesma sorte de contar com uma produção de alimentos tão rica e diversificada como nós brasileiros.

 

Um segmento que merece atenção neste momento é o do trigo. A Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), que representa a indústria nacional da moagem do grão, divulgou uma nota alertando para a preocupação da entidade sobre um possível desabastecimento. Lembrando que, metade do produto consumido aqui, vem de fora do país. Já o abastecimento de carnes e ovos está garantido, segundo associações representativas do setor, assim como de tantos outros produtos dos quais o Brasil dispõe com fartura.

 

Ao encontro de tudo isso, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), publicou a portaria 116 na última quinta-feira (26) que esclarece o que determina o artigo 3º, §1º, inciso XVI, do Decreto 10.282/2020, onde a atividade de “prevenção, controle e erradicação de pragas dos vegetais e de doença dos animais” é classificada como atividade essencial. Ou seja, o Mapa garantiu o funcionamento do comércio de insumos agropecuários em todo tipo de estabelecimento, como farmácias veterinárias e pet shops.

 

Neste momento, também se engrandecem atos de solidariedade e empatia. No Brasil, ações diferenciadas montam pontos de apoio a caminhoneiros que se comprometeram a não parar. E que bom! Sem eles, todo esse alimento não chegaria até nós. Os caminhoneiros recebem marmitas gratuitas em algumas regiões, kits de higienização e outros benefícios, enquanto indústrias de setores diversos se reinventam temporariamente para aumentar a produção do produto mais desejado do momento: o álcool gel 70%. 

 

Em um país onde o agro se mostra como uma de suas principais missões, o trabalho do homem no campo ainda é alvo de muitos ataques e críticas sendo que, muitas delas, são totalmente infundadas. Chegou a hora de olharmos de lupa e não mais com viseiras para esta atividade, reconhecendo o valor que nela há. Não canso de ouvir e repetir a tal frase: “se o campo não planta, a cidade não janta”, pois bem, vai muito além disso. A cidade não janta, não almoça, não toma café da manhã, não se veste e não tem acesso a tantas outras coisas que raramente são atribuídas à atividade que começa lá na fazenda. 

 

É momento de reconhecer a importância do trabalho do produtor rural e entender o papel da classe produtora na nossa sociedade. Momento de olhar para o homem do campo com mais carinho.  Aliás, aproveitemos para olhar a todos ao nosso redor com mais empatia, percebendo que sozinhos não somos nada e é justamente por isso que acontecimentos tão duros como essa pandemia ocorrem de tempos em tempos. Essa é uma grande oportunidade de readaptação e transformação, principalmente, de transformação própria, não vamos desperdiçá-la. 

 

Por: Sara Kirchhof

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