Por Ronaldo Fernandes
Donald Trump voltou a mirar a China e elevou o tom. Em uma nova postagem feita nesta terça (14), ele escreveu:
A China se recusa a comprar nossa soja. Talvez devêssemos parar de comprar o óleo deles. Podemos produzir tudo aqui.
A fala se refere ao UCO (Used Cooking Oil), o óleo de cozinha usado que é reciclado e transformado em biocombustível. Os Estados Unidos importam grandes volumes desse óleo da China, responsável por cerca de 40% do fornecimento global. Só em 2024, mais de 1,2 milhão de toneladas foram embarcadas para os EUA e utilizadas principalmente em refinarias de diesel renovável e biodiesel.
Se essa taxação avançar, o impacto seria direto. Os custos de produção de biocombustíveis nos EUA subiriam, já que esse óleo chinês teria de ser substituído por fontes locais, mais caras e com menor disponibilidade. Isso encarece a cadeia energética e pressiona as margens das refinarias americanas.
Em Chicago, o reflexo mais imediato tende a ser de queda na soja. A fala de Trump reforça o temor de que a China siga evitando compras de soja americana, o que reduz as expectativas de exportação e desanima os fundos. Já para o óleo vegetal, o efeito é diferente: o corte de importações de UCO pode até gerar uma demanda pontual por óleo de soja dentro dos EUA, já que parte do óleo usado é substituída por produtos de origem vegetal. Mas esse movimento deve ter valorização limitada, pois o óleo reciclado e o óleo vegetal ocupam nichos distintos e o volume importado, apesar de grande, ainda é pequeno diante do consumo total americano.
No fundo, a ameaça de Trump eleva o tom da disputa, mas também mostra que os dois lados estão pressionando para negociar. Esse tipo de provocação costuma anteceder novas rodadas de conversa e pode até acelerar um acordo comercial, já que ambos os países sofrem com o impacto das restrições.