Depois de semanas de estiagem, os primeiros sinais de mudança começam a surgir no campo. Modelos climáticos analisados pela EarthDaily, empresa que utiliza tecnologia de sensoriamento remoto para acompanhar áreas agrícolas em tempo real, apontam recuperação da umidade do solo em regiões-chave da safra de verão, como Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo e o Sul do Paraná, que devem receber volumes mais significativos de chuva nos próximos dias.
De acordo com as projeções, as chuvas devem se concentrar em parte de Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e São Paulo, além de volumes acima da média no Sul. Para o Mato Grosso do Sul, no entanto, ambos os modelos indicam precipitação limitada.
As temperaturas tendem a se manter próximas ou ligeiramente abaixo da média na maioria das regiões produtoras, o que pode contribuir para a redução da perda de umidade, criando condições mais estáveis para o desenvolvimento das lavouras.“Entre os dias 8 e 15 de outubro, a tendência de aumento da umidade do solo indica um sinal positivo para o início da safra de verão, marcando a transição gradual de um cenário de seca para condições mais equilibradas de umidade, especialmente nas áreas centrais do país”, comenta Felippe Reis, analista de safra da EarthDaily.
Com base nas observações da EarthDaily nos últimos dez dias, a precipitação acumulada ficou abaixo da média na maior parte do território nacional, com exceção de algumas áreas do Sul e do Nordeste. No Sul, os volumes de chuva foram mais significativos, mantendo a situação hídrica satisfatória e favorecendo o desenvolvimento das lavouras de verão.
Em contrapartida, o calor intenso nas regiões Centro-Oeste e Sudeste resultou em aumento da evapotranspiração, intensificando a seca e reduzindo a umidade do solo.
Apesar disso, em Mato Grosso, principal estado produtor de soja, as condições ainda não são motivo de preocupação. Os níveis de umidade permanecem abaixo da média, mas semelhantes aos observados no ciclo anterior, que teve bom desempenho produtivo. A previsão aponta para aumento da umidade do solo, criando um ambiente favorável para a continuidade dos trabalhos de plantio.
Em Goiás, o modelo europeu ECMWF também indica elevação da umidade no curto prazo, embora os níveis continuem entre os mais baixos dos últimos dez anos, o que deve manter o ritmo de semeadura lento.
Já em Mato Grosso do Sul, a expectativa é de melhora mais consistente nas próximas semanas, favorecendo o início do ciclo das lavouras de verão.
No Paraná, o cenário é dividido: o Norte do estado segue com índices muito baixos de precipitação – os menores dos últimos cinco anos – enquanto o Sul apresenta condições mais equilibradas, com umidade satisfatória que deve se manter no curto prazo.