
A florada do café marca a fase crucial em que os botões se abrem, e cada flor tem o potencial de se transformar em um fruto de café. Temperatura e disponibilidade de água influenciam diretamente no timing da florada. Porém, a Climatempo informou na última segunda-feira (15), que Minas Gerais, principal região produtora do arábica, não recebeu chuvas durante a semana encerrada em 13 de setembro.
“Choveu em alguns locais, mas coisa de 15 mm, há 1 mês atrás. Isso foi o que fez florir. Mas, não choveu após para ajudar em pegamento. A duvida que fica é, será que vai pegar?”, indagou o produtor da região de Simonésia, Zona da Mata de Minas Gerais, Mateus Oliveira.
De acordo com o engenheiro agrônomo e pesquisador do Procafé, José Braz Matiello, a floração inicial foi antecipada esse ano em diversas regiões de cultivo do arábica no Brasil, “possivelmente devido ao estresse hídrico das plantas. Esse estresse hídrico prévio pode ter facilitado a abertura das flores, uma vez que a floração é influenciada pelo diferencial hídrico. Em condições de estiagem, a chegada da chuva estimula a planta a produzir condições para a abertura dos vasos que irrigam os botões florais, resultando na floração”, explicou.
Porém, Matiello destaca que em algumas áreas por conta do clima e de doenças, as plantas de café já apresentavam desfolhamento. “Não é possível prever com certeza os impactos disso, mas já se sabe que, em casos de floração com desfolhamento, a planta pode até florescer, porém, quando os frutos começam a se desenvolver a reserva de nutrientes da planta é limitada, levando à queda dos frutos. Assim, o pegamento da florada está intimamente ligado ao estado de folhagem da planta”, completou o agrônomo.
Cafeicultores do Sudoeste de Minas esperavam uma florada mais para final do mês de setembro, mas diante das chuvas isoladas que ocorreram no final de agosto, ela antecipou. Mas, as flores que anteciparam já estão murchas, conforme contou o presidente da Associação dos Cafeicultores da Região Sudoeste de Minas, Fernando Barbosa. “choveu próximo a 12 mm na região, o que trouxe um certo alívio para os produtores quanto a questão de pegamento de chumbinho. Apesar que ainda é muito cedo para avaliar”, afirmou.
Além da falta de chuva, as altas temperaturas também estão trazendo preocupação aos produtores. Barbosa explica que os cafeicultores locais estão investindo pesado nos manejos, para tentar garantir o pegamento das flores. “Os produtores estão adotando prática de esqueletamento devido as altas temperaturas e o auto índice de desfolha. As pragas e doenças estão ficando cada vez mais tardias, e pegando no momento em que as folhas são necessárias para segurar os pegamento dos frutos. Até mesmo os produtores que estão adotando prática de irrigação esta preocupados com as altas temperaturas. Para você ter uma ideia, nesses últimos dias de florada houve uma forte oscilação de temperaturas, que iam de 7°C de manhã para 32°C no período da tarde. E é isso o que estressa ainda mais as plantas”, alertou.