Primeiras chuvas devem chegar na próxima semana ao Brasil Central, favorecendo o início do plantio da safra de soja
Após semanas de forte estiagem e índices de umidade do ar abaixo de 12% em algumas regiões do Centro-Oeste, as primeiras chuvas mais significativas estão previstas para chegar entre os dias 22 e 23 de setembro. A notícia traz alívio aos produtores de soja da safra 2025/26, que já preparam o solo e aguardam o retorno da umidade para dar início ao plantio.
De acordo com a meteorologista Maria Clara Sassaki, porta-voz do Tempo, um corredor de umidade deve se formar ligando o Sudeste ao Centro-Oeste, favorecendo o retorno gradual das precipitações. “Será o primeiro evento de chuva mais significativo no Brasil Central, mas ainda de curta duração, com instabilidades que podem durar apenas dois a três dias. A regularização das chuvas deve ocorrer somente ao longo de outubro”, explica.

Enquanto isso, no Sul do país, o cenário é distinto. O Rio Grande do Sul enfrenta chuvas volumosas, com previsão de até 80 milímetros acumulados em 48 horas em algumas áreas. Apesar de favorecer momentaneamente as lavouras de inverno e o início do milho verão, o excesso pode gerar erosão em solos fragilizados.


No Sudeste, produtores de café também acompanham de perto a chegada das instabilidades. A expectativa é que pancadas isoladas alcancem o sul de Minas Gerais e o Espírito Santo, podendo beneficiar a florada do café. No entanto, Sassque alerta para os riscos associados: “Essa primeira chuva vem acompanhada de ventania, trovoadas e possibilidade de granizo, já que as temperaturas estarão muito elevadas antes da chegada das instabilidades”.
Apesar da perspectiva de alívio, os especialistas recomendam cautela aos agricultores. Em muitas regiões, a seca prolongada deixou o solo tão ressecado que a água da primeira chuva pode não ser absorvida, escoando pela superfície.
Para o Nordeste, sobretudo no interior da Bahia, Tocantins e Pernambuco, o retorno das precipitações será mais lento. O cenário deve começar a mudar apenas na segunda quinzena de outubro e ganhar força em novembro.
Já em termos de fenômenos climáticos, a tendência atual é de neutralidade com viés para o La Niña fraco até o fim do ano, o que pode influenciar o regime de chuvas durante o desenvolvimento da safra de verão.
Produtores do Brasil Central, que concentram grande parte da produção de soja do país, devem se preparar para um início de plantio marcado por irregularidade. As chuvas da próxima semana indicam o começo da virada do período seco para o úmido, mas só a consolidação das precipitações em outubro permitirá o avanço pleno da semeadura.