A evolução do cultivo de trigo segue adequada no Rio Grande do Sul, onde 55% das lavouras estão no final do ciclo vegetativo, em alongamento do pseudocaule e em desenvolvimento das bainhas foliares, que sustentarão a espiga, 30% estão em floração e 15% estão em enchimento de grãos. O estado geral das plantas nessas diferentes fases está satisfatório, compatível com o desejável no ciclo da cultura. De acordo com o Informativo Conjuntural, divulgado pela Emater/RS-Ascar nesta quinta-feira (11/09), a permanência de elevado teor de umidade no solo, decorrente das chuvas frequentes, tem dificultado o manejo fitossanitário, principalmente a aplicação de fungicidas preventivos. Apesar das dificuldades operacionais, a sanidade da cultura está apropriada na maior parte das regiões.
O potencial produtivo do trigo segue promissor, em razão do bom estande de plantas e das temperaturas amenas, que favorecem o ciclo da cultura. No entanto, os triticultores gaúchos reforçaram o monitoramento das fases reprodutivas, dado o risco de incidência de doenças fúngicas, que podem comprometer tanto a produtividade quanto a qualidade industrial dos grãos. A área cultivada no Estado está projetada pela Emater/RS-Ascar em 1.198.276 hectares, e a estimativa de produtividade, em 2.997 kg/ha.
As condições climáticas recentes favorecem também o desenvolvimento da aveia-branca. As lavouras apresentam evolução e distribuição das fases dentro da normalidade: 27% em desenvolvimento vegetativo; 33% em floração; 32% em enchimento de grãos; 6% em maturação; e 2% colhidos. O estado geral e o potencial produtivo das lavouras estão satisfatórios. A Emater/RS-Ascar projeta o plantio de 401.273 hectares, e produtividade de 2.254 kg/ha.
As lavouras de canola encontram-se em diferentes estágios fenológicos, em função da variação nas épocas de semeadura e das práticas de manejo adotadas. Os estágios reprodutivos correspondem à maioria dos cultivos (55% em floração e 40% em enchimento de grãos), com 1% das lavouras em desenvolvimento vegetativo e 4% em maturação. Uma pequena parcela foi colhida, mas sem representatividade estatística. De maneira geral, o potencial produtivo permanece elevado, sustentado pelo bom número de síliquas por planta e pela manutenção da sanidade das plantas. A Emater/RS-Ascar projeta o cultivo de 203.206 hectares, e produtividade de 1.737 kg/ha.
Já as lavouras de cevada encontram-se em desenvolvimento vegetativo (73%), 18% em floração e 9% em formação de grãos. O avanço fenológico ocorre dentro da normalidade, como reflexo das condições climáticas, que permitem o estabelecimento e crescimento da cultura. A sanidade geral das lavouras está satisfatória, sem registros expressivos de doenças de maior impacto econômico. O potencial produtivo está adequado, como resultado da uniformidade do estande e da manutenção do vigor das plantas, especialmente nas áreas destinadas à indústria cervejeira.
CULTURAS DE VERÃO
Milho – A semeadura do milho avança em ritmos distintos, conforme as condições climáticas de cada local. As chuvas frequentes, em algumas regiões, limitaram o trabalho das máquinas em áreas preparadas, e as baixas temperaturas retardaram a germinação em lavouras recém implantadas. O estande das lavouras está adequado, mesmo com o crescimento inicial reduzido, em função das temperaturas baixas, que diminuem a atividade enzimática e a taxa fotossintética, resultando em metabolismo mais lento e menor expansão foliar.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, o plantio do milho foi interrompido devido às chuvas intensas. Em São Borja, os produtores realizaram controle de lagartas presentes na palhada e monitoram a cigarrinha. Em Itaqui, foi necessária a abertura de drenos em áreas mais planas e suscetíveis ao encharcamento para viabilizar o desenvolvimento inicial da cultura. Em Santa Margarida do Sul, os produtores empresariais concluíram o plantio na primeira janela do Zoneamento Agrícola. Já os agricultores familiares ainda dependem de maquinário coletivo para a implantação das lavouras de subsistência. A cultura do milho deverá apresentar, na Safra 2025/2026, área de 785.030 hectares, segundo dados preliminares da Emater/RS-Ascar. A produtividade projetada é de 7.376 kg/ha.
OLERÍCOLAS E FRUTÍCOLAS
Beneficiado pelo clima favorável, com temperatura amena, luminosidade e chuvas passageiras, o desenvolvimento das olerícolas é excelente na maioria das regiões produtoras do Rio Grande do Sul. Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Lajeado, em Linha Nova, o clima desde agosto tem beneficiado o cultivo de couve-flor, repolho-verde, repolho-roxo e brócolis, promovendo um ambiente adequado para o crescimento saudável das plantas.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Ijuí, apesar de alguns períodos mais frios, não houve prejuízo às olerícolas. A implantação de cultivares de verão em todo o Estado tem sido priorizada pelos agricultores e o plantio das demais culturas se dá de forma escalonada. Os cultivos de alho e cebola estão em excelente estado fitossanitário, com folhas bem desenvolvidas e coloração verde intensa. As primeiras áreas de cebola iniciam a fase de formação de bulbos.
Mandioca – Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Santa Rosa, continua a colheita e o preparo de novas áreas para a próxima safra, cujo plantio chega a cerca de 50%. Muitos agricultores estão em busca de mudas em outras regiões, pois a oferta local está insuficiente para atender à demanda. O preço médio pago ao produtor sofreu forte redução: R$ 4,50/kg in natura e R$ 7,00/kg industrializado.
Ameixa – Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Caxias do Sul, os pomares já encerraram a floração das variedades de ciclo tardio. No período, a ameixeira Letícia apresentou plena floração, e a Fortune (popular ‘Italianinha’) encontra-se na fase de pegamento de frutos. Em virtude da ocorrência de dias abafados e de alguns dias chuvosos, além da umidade nos pomares, os produtores realizaram os tratamentos fitossanitários, visando ao controle preventivo de podridão-parda nas culturas de pêssego, nectarina e ameixa.
PASTAGENS E CRIAÇÕES
As forrageiras apresentam bom desenvolvimento, principalmente o azevém, que garante elevada produção de massa verde. As aveias de ciclo curto estão em fase final, com menor oferta de forragem. Já as espécies anuais de verão encontram-se em emergência, com semeaduras escalonadas. O campo nativo segue em repouso, e por haver baixa disponibilidade permanecerá em fase de descanso para uso posterior no pastoreio.
BOVINOCULTURA DE CORTE – O estado nutricional e o escore corporal dos animais estão adequados, favorecidos pela recuperação das pastagens de inverno e pelo aumento da disponibilidade de massa verde. O estado sanitário dos rebanhos está satisfatório. Foram realizadas vacinas, e a vermifugação se encontra em andamento conforme o calendário sanitário. Em relação às fases produtivas, destacam-se matrizes em período de parição e animais destinados à engorda.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, inicia-se a retirada de animais das áreas de Integração Lavoura-Pecuária (ILP), processo que se estende até outubro em alguns contratos, o que deve ampliar a oferta de animais gordos, bem como de categorias destinadas à engorda e terminação. Em Bagé, nos sistemas de cria, tem sido efetuado manejo de terneiros recém-nascidos, além de assistência às parições. O estado sanitário dos rebanhos está satisfatório, embora já se observe aumento de carrapatos em algumas propriedades.
BOVINOCULTURA DE LEITE – O volume de produção leiteira permanece no ápice da curva sazonal, e houve expressivo incremento nas propriedades conduzidas em sistema de produção a pasto. O preço do leite segue recuando, e há projeções de nova redução para o próximo período de pagamento. Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Santa Maria, a baixa luminosidade comprometeu o desenvolvimento das pastagens cultivadas, resultando em oferta limitada de forragem e impactando negativamente o escore corporal dos animais. Na de Santa Rosa, os dias ensolarados intercalados com chuvas favoreceram o crescimento das forrageiras e o bem-estar animal, ampliando o consumo de alimentos a campo.