SÃO PAULO (Reuters) – O dólar fechou a quinta-feira em leve baixa ante o real, após dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos confirmarem a expectativa, entre os investidores, de que o Federal Reserve cortará juros neste mês.
Números divulgados pelo governo brasileiro durante a tarde também mostraram que as exportações do Brasil para os Estados Unidos caíram em agosto com o tarifaço, mas ainda assim o país registrou aumento de seu superávit comercial com o restante do mundo.
Neste cenário, o dólar à vista fechou a sessão com leve queda de 0,13%, aos R$5,4471. No ano, a divisa acumula baixa de 11,84%.
Às 17h04 na B3 o dólar para outubro — atualmente o mais líquido no Brasil — cedia 0,10%, aos R$5,4800.
A quinta-feira foi marcada por variações contidas do dólar no Brasil, com o mercado à espera da divulgação, na sexta-feira, do relatório de emprego payroll nos EUA, que pode reforçar as apostas de corte de juros pelo banco central norte-americano.
Uma taxa de juros mais baixa nos EUA, somada a uma Selic em 15% no Brasil, é vista pelos agentes como um fator de atração de dólares para o país, o que tem contribuído para segurar as cotações.
Na manhã desta quinta novos dados corroboraram a expectativa de corte de juros pelo Fed.
O Relatório Nacional de Emprego da ADP mostrou que foram abertos nos EUA 54.000 postos de trabalho no setor privado em agosto, ante 106.000 em julho. Economistas consultados pela Reuters previam abertura de 65.000 empregos.
Já os pedidos iniciais de auxílio-desemprego aumentaram em 8.000, para 237.000 em dado com ajuste sazonal, na semana encerrada em 30 de agosto, informou o Departamento do Trabalho dos EUA. Economistas previam 230.000 pedidos.
Apesar da perspectiva de corte de juros pelo Fed, o dólar se manteve em alta ante boa parte das demais divisas no exterior, o que fez as cotações no Brasil também subirem pela manhã — ainda que de forma contida. À tarde, às 13h58, a moeda norte-americana à vista marcou a cotação máxima de R$5,4731 (+0,35%).
No restante da tarde, porém, os rendimentos dos Treasuries — uma importante referência para os negócios globais com moedas — ampliaram as perdas, o que pesou sobre as cotações do dólar.
No Brasil, no meio da tarde, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) informou ainda que a balança comercial brasileira registrou superávit de US$6,133 bilhões em agosto, um saldo 35,8% mais alto do que o observado no mesmo mês do ano passado, mesmo diante da queda de 18,5% das vendas para os Estados Unidos.
O resultado do mês passado já foi sensibilizado pela entrada em vigor, no dia 6 de agosto, da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos EUA — uma medida anunciada pelo presidente norte-americano, Donald Trump, para pressionar as instituições brasileiras em favor do ex-presidente Jair Bolsonaro, julgado no Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe de Estado.
Às 15h15 — já após a divulgação do superávit da balança comercial — o dólar à vista marcou a cotação mínima de R$5,4425 (-0,21%), para depois encerrar pouco acima deste nível.
“A volatilidade está grande no mercado de câmbio, e isso está muito relacionado à tensão com os EUA. Mas um fator que tem feito preço é a questão dos juros norte-americanos, porque existe uma expectativa grande de corte em setembro”, comentou durante a tarde Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital.
“O mercado está esperando que venham dados mais fracos no payroll de amanhã. Se realmente vierem, podemos ver a moeda norte-americana se desvalorizar ainda mais.”
Às 17h25, no exterior, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,16%, a 98,294.
Pela manhã o Banco Central vendeu toda a oferta de 40.000 contratos de swap cambial tradicional em operação de rolagem.