O mercado do açúcar segue pressionado por fundamentos baixistas no cenário internacional, embora alguns contratos apresentem leve estabilidade. Em Nova Iorque, o contrato de outubro/25 opera em campo positivo, a 16,37 cents de dólar por libra-peso (+0,12%), enquanto o março/26 recua ligeiramente a 17,06 cents (-0,12%) e o maio/26 a 16,77 cents (-0,24%). Em Londres, o açúcar branco para outubro/25 é cotado a US$ 483,80 por tonelada, alta de 0,25%.
No mercado global, as expectativas de safras robustas na Índia e na Tailândia continuam pressionando os preços. Já no mercado interno brasileiro, a liquidez mantém certa firmeza, com as usinas atuando e oferecendo oferta suficiente de açúcar cristal, especialmente devido aos preços menores.
“Com os valores mais baixos, o mercado comprador passa a atuar mais ativamente e aproveitar o momento”, afirma Maurício Muruci, analista da Safras & Mercado. Ele acrescenta que há também uma questão sazonal: “Até o meio do ano tivemos o ápice da moagem para a safra do Centro-Sul. De agosto em diante, espera-se que a produção e a oferta de cana diminuam gradualmente, impactando a disponibilidade de açúcar.”
Apesar do mix açucareiro elevado, em torno de 54%, a quebra na produção e na produtividade contribui para a manutenção das vendas. No mercado exportador, os embarques seguem aquecidos, acima de 3 milhões de toneladas, sobretudo para cumprir contratos realizados ao longo do ano passado. “Essas entregas correspondem a compromissos firmados em 2024/25, com preços acima de 20 cents, ou seja, foram realizadas com boa rentabilidade. A preocupação agora é com a safra seguinte, já que os preços futuros estão entre 16 e 17 cents, e a indústria precisará avaliar as fixações do próximo ciclo diante desses patamares desafiadores”, explica Muruci.
A safra do Centro-Sul se encerra em meados de outubro, dando início à moagem no Nordeste. Enquanto a região Sul enfrenta desafios de competitividade e baixa produtividade, a safra nordestina deve apresentar boa produção, embora possa depender de subvenções para otimizar a produtividade, principalmente após as tarifas americanas que afetam o setor. “Com a baixa produção do Centro-Sul, a oferta nordestina de açúcar poderá encontrar espaço no mercado doméstico”, conclui o analista.