Neste sábado (16.08), no sexto dia da série América Clima e Mercado, a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT) percorreu o estado de Missouri, nos Estados Unidos da América (EUA), para conhecer de perto os principais fatores que determinam a produtividade agrícola local.
O diretor administrativo da Aprosoja MT, Diego Bertuol, explicou que o Missouri apresenta diferentes realidades produtivas conforme a região visitada central, norte e leste. Ele ressaltou que o maior foco dos produtores locais não está no uso intensivo de defensivos, mas sim na conservação e aproveitamento da camada mais fértil do solo.
“Hoje nós passamos pelas principais regiões produtoras de soja e milho do estado do Missouri, região central, norte e leste. O que destacamos é com respeito ao relevo, saindo de regiões mais onduladas para as planícies, sentido ao Corn Belt americano. Os produtores nos destacaram que a principal preocupação deles é com respeito ao Horizonte A, ou seja, a profundidade da camada superficial mais fértil do solo. É onde eles mais analisam e mais investem, ao invés de procurarem fungicidas ou inseticidas. Com isso, conseguem trazer mais rentabilidade ao seu negócio.”
O produtor Roy Meinke, de Missouri, relatou como o relevo e os diferentes tipos de solo influenciam diretamente a produtividade de sua fazenda. Segundo ele, há áreas de menor fertilidade e mais suscetíveis à erosão, mas também solos ricos que garantem bons resultados.
“Na nossa propriedade, temos um relevo levemente montanhoso, que precisa de chuvas frequentes por causa dos diferentes tipos de solos. Existem áreas com menos terra fértil na camada superficial, que sofrem mais erosão, e a variação na produtividade da soja é grande, podendo ir de 35 sacas a 77 sacas por hectare, dependendo do que a natureza nos oferece. Mas também temos solos de leitos de rio, que têm nos dado produtividades crescentes todo ano, com menos variabilidade por causa da melhor qualidade desses solos.”
O produtor também compartilhou o desempenho de destaque obtido em uma área específica de milho na safra passada. “Nesta região centro-norte do Missouri, na safra passada, tivemos o orgulho de produzir num talhão de 200 hectares, com solo bem argiloso e preto, uma produtividade de 235 sacas de milho por hectare. Um número excelente para esta região. E não é um pedacinho de terra de 5 hectares, foram 200 hectares mesmo, e ficamos muito orgulhosos de conseguir. Não dá para concorrer com Iowa, mas nesse talhão a gente chegou perto.”
O diretor administrativo da Aprosoja MT destacou que a qualidade do solo, mais do que o uso intensivo de insumos, foi determinante para a produtividade. “Nessa lavoura de milho, nós destacamos que o manejo de químicos e de fungicidas é quase zero. E o que traz essa grande estrutura de planta, de padrão de espiga, é esse solo diferenciado que essa região norte-americana traz para os produtores.”
O produtor Kenny Meinke, proprietário da Fazenda Meinke, em Princeton, trouxe detalhes sobre as expectativas para a safra atual, apontando variação de resultados entre áreas de melhor e pior qualidade de solo.
“No ano passado, a soja variou de 50 a 55 sacas por hectare. Para a safra atual, espero uma melhora de 5% a 10%. Tivemos bastante chuva entre julho e agosto este ano. Se alguma área sofreu mais, foram os talhões mais baixos, com solo pior, que encharcaram ou tinham menor densidade de plantas. Com o milho foi parecido, começou a chover pouco antes do pendoamento e tem chovido a cada três ou quatro dias. Na safra passada, parte da área de milho apresentou produtividade bem baixa, cerca de 95 sacas por hectare, mas em outra área chegamos a 235 sacas.”
A série ainda ressaltou a logística integrada do Missouri, que garante eficiência no escoamento da produção agrícola. O estado está estrategicamente localizado no centro dos EUA e conta com uma combinação de ferrovias, rodovias e hidrovias, que permitem reduzir custos e ampliar a competitividade dos grãos no mercado. A presença dos rios Mississippi e Missouri, somada às malhas ferroviária e rodoviária, faz com que os produtores tenham fácil acesso tanto a portos de exportação quanto ao mercado interno americano, encurtando distâncias e otimizando o tempo de transporte.
“Quando falamos em rentabilidade, o estado do Missouri se destaca por ter um amplo sistema logístico, que facilita o escoamento da safra do produtor. Esse sistema inclui as ferrovias, as rodovias e o sistema hidroviário, que abrange dois grandes rios, o Mississippi e o Missouri”, disse Bertuol.
A série América Clima e Mercado segue neste domingo (17.08) para o estado de Illinois, onde a equipe continuará o monitoramento das lavouras e as análises de produtividade.