O mercado interno de trigo passou a semana com ritmo lento e compradores cautelosos, enquanto vendedores se mantiveram firmes. Segundo o analista de Safras & Mercado, Elcio Bento, no início do período, a fraqueza dos preços internacionais e a valorização do real frente ao dólar foram fatores de pressão sobre as cotações, ao mesmo tempo em que a percepção de oferta restrita sustentou a postura defensiva do produtor.
No Paraná, as indicações para a safra velha se mantiveram ao redor de R$ 1.450/tonelada no CIF moinhos, com relatos de entrada de trigo paraguaio e argentino entre R$ 1.440 e R$ 1.450/tonelada, reforçando a paridade de importação como referência. Para a safra nova, os preços variaram entre R$ 1.300 e R$ 1.350/tonelada no CIF moinhos, mas sem interesse por parte do vendedor.
No Rio Grande do Sul, moinhos operaram com interesse entre R$ 1.250 e R$ 1.280/tonelada no FOB interior, enquanto produtores pediram de R$ 1.300 a R$ 1.350/tonelada. Para a safra nova, a indicação no porto de Rio Grande recuou de cerca de R$ 1.300/tonelada no início do mês para R$ 1.240-R$ 1.250/tonelada ao longo da semana.
No Mato Grosso do Sul, as ofertas para a nova safra ficaram entre R$ 1.300 e R$ 1.400/tonelada, variando conforme a qualidade. Já para trigo paraguaio com falling number de 300, as ofertas giraram em torno de US$ 260/tonelada CIF moinhos, o equivalente a cerca de R$ 1.400/tonelada ao câmbio atual.
Bento destacou ainda que geadas recentes atingiram lavouras do norte do Paraná e de importantes regiões de São Paulo, sem contabilização oficial de perdas até o momento. “As condições das lavouras nacionais, no geral, seguem boas”, apontou.
No Paraguai, no entanto, as geadas devem reduzir a produção entre 200 mil e 250 mil toneladas. A queda é relevante para o abastecimento brasileiro, já que o país exportou 709 mil toneladas ao Brasil na temporada 2024/25.
Emater
De acordo com o relatório semanal da Emater-RS, divulgado nesta quinta-feira (14), as lavouras de trigo entraram no período reprodutivo no Rio Grande do Sul. Atualmente, 4% da área está em fase de florescimento, enquanto 96% segue em desenvolvimento vegetativo.
Desde o segundo decêndio de julho, a regularidade das precipitações, combinada com períodos de alta radiação solar e baixas temperaturas, favoreceu um crescimento vigoroso das plantas. Os cultivos apresentam coloração verde intensa, densidade populacional adequada e estande próximo ao ideal. O número de afilhos por planta supera o observado na safra de 2024, o que indica potencial produtivo maior, com possibilidade de aumento no espigamento e na produtividade final.
Os produtores estão finalizando a adubação nitrogenada em cobertura, etapa crucial para suprir a demanda nutricional durante o alongamento do colmo e a preparação para o florescimento. Em regiões que tiveram dificuldades no estabelecimento inicial, as lavouras se recuperam com o auxílio da umidade ideal do solo para o perfilhamento.
Deral
O Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, divulgou, em seu relatório semanal, dados sobre as condições das lavouras paranaenses de trigo. Segundo o Deral, até 11 de agosto, 81% das lavouras apresentam boas condições, 13% em situação média e 6% ruins, entre as fases de crescimento vegetativo (25%), floração (24%), frutificação (43%) e maturação (8%).
O plantio da safra 2024/25 está concluído na área estimada de 832,8 mil hectares, que deve ficar 27% abaixo dos 1,134 milhão de hectares cultivados em 2023/24. Na semana anterior (4 de agosto), 82% apresentavam boas condições, 12% situação média e 6% situação ruim, entre as fases de crescimento vegetativo (32%), floração (26%), frutificação (37%) e maturação (5%).