Desde 2020 o Brasil não registra uma grande safra de café, principalmente do arábica. O clima cada vez mais adverso, com eventos climáticos extremos nas principais áreas cafeeiras do país, vem diminuindo a cada ano a produtividade e rendimento da cultura.
Durante o 7º Fórum Café e Clima da Cooxupé, realizado nesta quinta-feira (14), especialistas avaliaram os impactos climáticos na safra 2025 e as debateram as perspectivas para 2026.
Segundo o coordenador do Departamento de Geoprocessamento da Cooxupé, Guilherme Vinicius Teixeira, o rendimento da safra de café arábica para 2025 na área monitorada pela Cooperativa está bem abaixo do esperado, “muitos produtores estão tendo que gastar 10% a mais de café para encher uma saca beneficiada”, explicou. Outro ponto preocupante é o registro da 1ª florada em várias lavouras recém colhidas, “estamos colhendo o grão e nascendo a flor. Podemos dizer que já estamos colhendo a safra de 2026. Aí vem a preocupação com o clima para essa produção”, indagou ainda Teixeira.
A safra de café de 2024 no Brasil registrou apenas uma florada significativa em muitas regiões, devido diversos problemas climáticos. Mas, de acordo com o engenheiro agronômo e sócio-fundador da Rural Clima, Marco Antônio dos Santos, o cenário climático deste ano será diferente, registrando um clima mais propício, com uma chuvas chegando mais cedo, regulares e temperaturas mais amenas, podendo assim contribuir para um bom pegamento da florada da safra de 2026, “tudo indica que não teremos um estresse hídrico como no ano anterior e, com isso, tudo indica que podemos ter várias floradas, resultando em uma safra de 2026 com baixo impacto em produtividade, mas trazendo a preocupação com relação a qualidade. O excesso de floradas, especialmente se ocorrerem em momentos diferentes do ciclo da planta, pode levar a uma colheita com frutos em diferentes estágios de maturação, resultando em um café de baixa qualidade”, apontou o agrônomo.
O pesquisador e professor da Universidade Federal de Lavras (UFLA), José Donizeti Alves, afirmou que a produção de café arábica no Brasil permanece aquémdo volume colhido em 2020, “nos últimos anos a pressão do clima foi tão grande que o café arábica perdeu a tradicional bienalidade e resiliência. A cada ano a variedade vem despensando em produtividade e produção. Diferente da produção do conilon, que conseguiu ser resiliente ao clima e esse ano a produção deve ultrapassar a média histórica registrada em 2022”, projetou.