A Polícia Civil do Paraná emitiu um mandado de prisão para o empresário Celso Fruet, proprietário da Cerealista Fruet, em Campo Bonito, no oeste do estado. Ele é suspeito de aplicar um golpe milionário em produtores rurais da região, com o prejuízo estimado já em R$ 22 milhões, segundo as últimas atualizações da investigação.
Até o momento, 109 agricultores registraram formalmente boletins de ocorrência. No entanto, a polícia estima que o número total de vítimas ultrapasse 200, com prejuízos que podem ultrapassar os R$ 50 milhões. O caso veio à tona no final de julho, quando produtores que mantinham grãos (soja e milho) armazenados na empresa encontraram o local abandonado, sem funcionários, computadores ou a produção estocada.
Segundo a delegada Raiza Bedim, da Polícia Civil de Guaraniaçu, o empresário utilizava como estratégia oferecer valores acima da média de mercado para atrair os agricultores. “Ele usava o artifício de pagar mais por saca. Se no balcão custava R$ 100, ele oferecia R$ 104 ou R$ 105”, explicou.
A polícia tentou agendar o interrogatório de Celso Fruet por duas vezes, mas ele não foi localizado. Com as investigações avançando e o suspeito foragido, foi expedido um mandado de prisão, e diversas diligências estão em andamento para localizá-lo. As autoridades reforçam o pedido para que outras possíveis vítimas procurem a delegacia para registrar queixa e auxiliar no levantamento do prejuízo total.
Investigações da Polícia Civil apontam que Celso Fruet já teria sido alvo de inquéritos por estelionato com os mesmos modus operandi nas cidades de Capanema e Virmond, ambas localizadas no estado do Paraná. Segundo as autoridades, o golpe era idêntico: “ele recebia grãos e de uma hora para outra fechava a cerealista”. Essa prática criminosa era mascarada pela imagem de confiança construída ao longo de 30 anos no mesmo endereço em Campo Bonito, onde cativava clientes com um atendimento flexível, aceitando entregas em horários não convencionais, como noites e feriados.
A descoberta do golpe ocorreu em 21 de julho, quando agricultores foram à sede da empresa para negociar suas safras de soja e milho, mas encontraram os silos e escritórios vazios — sem grãos, computadores ou o proprietário. Segundo relatos, funcionários informaram no mesmo dia que Celso Fruet havia vendido a cerealista por R$ 40 milhões à Copacol e que a aquisição se limitou ao imóvel e aos equipamentos, seguindo todos os requisitos legais.
Na quarta-feira seguinte (24) foi realizada uma reunião com mais de 200 produtores e dois representantes da Fruet. Na ocasião, a dupla se limitou a dizer que estava “tentando resolver a situação”, sem, no entanto, apresentar soluções concretas ou prazos para o pagamento das dívidas.
Em comunicado enviado à imprensa por seus advogados, a Cerealista Fruet confirmou enfrentar uma “grave crise financeira” que a impede de “honrar imediatamente os compromissos com produtores rurais”.
A defesa atribuiu a crise a uma “série de fatores conjunturais do mercado”, como oscilações do setor agrícola, altas taxas de financiamento e uma “concentração atípica de pedidos de fixação de soja por parte dos agricultores”, o que teria sobrecarregado o fluxo de caixa da empresa.
Os advogados citaram ainda que graves problemas de saúde afastaram o proprietário, Celso Fruet, de suas atividades no último ano, o que teria agravado o cenário.
A nota informa também que a estrutura física da cerealista foi vendida para a cooperativa Copacol. Segundo a defesa, a venda foi um esforço para “liquidar dívidas e tentar buscar meios de reestruturação”. No comunicado, a Cerealista Fruet diz compreender “a angústia dos agricultores, mas ressalta que a coação e a violência não contribuem para a solução da crise”.
Posicionamento da Copacol
A transação gerou revolta entre os produtores, que cobraram um posicionamento da cooperativa. Em nota oficial, a Copacol esclareceu a natureza do negócio.
“A Copacol esclarece que a compra limitou-se ao imóvel e equipamentos da estrutura operacional da referida cerealista, na PR-474, em Campo Bonito. A aquisição respeitou rigorosamente todos os princípios previstos na legislação brasileira”, afirmou a cooperativa, distanciando-se de qualquer responsabilidade sobre as dívidas da Cerealista Fruet com os agricultores.
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